Henrique Martins
As motocicletas têm se tornado cada vez mais populares entre os jovens, que veem nesse meio de transporte uma alternativa mais acessível em comparação aos carros. Com preços mais baratos que os dos carros, custo baixo de manutenção e maior autonomia no combustível, com aquele toque de emoção que só as duas rodas oferecem, as motos têm se consolidado como a escolha preferida de muitos jovens.
“Com o preço que eu pagaria num carro usado, consegui uma moto nova. É mais econômica, mais ágil e me livra do estresse de ficar parado no trânsito.” Conta Douglas Batirola, que usa a moto para ir à faculdade e ao trabalho.
Apesar de ser uma alternativa mais econômica e prática, o uso da motocicleta também envolve riscos consideráveis. Pela própria estrutura do veículo, o condutor está mais exposto e vulnerável em caso de acidentes. Quando essa condição é somada à imprudência no trânsito, muitas vezes associada aos jovens, especialmente nas redes sociais, pilotar uma moto se torna não apenas mais perigoso, mas também significativamente mais letal.
Segundo dados do Infosiga do DetranSp, no Litoral Norte de São Paulo, entre janeiro de 2024 e março de 2025, os motocicletas são responsáveis por 41% dos óbitos registrados, com vítimas predominantemente masculinas e jovens. O levantamento aponta que 78% das mortes no trânsito envolvem homens, enquanto as mulheres representam 22% dos casos.
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A faixa etária mais afetada está entre 20 e 29 anos e o número de vítimas masculinas nessa faixa supera, em muito, o de mulheres. Esses dados reforçam uma tendência já observada em pesquisas anteriores: motociclistas jovens do sexo masculino estão entre os mais vulneráveis no trânsito.
Por que os jovens do sexo masculino?
Em entrevista ao Jornal do Litoral, o secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Urbana (Segur) de São Sebastião, Wellington Cesar Leandro, atribui que o alto índice de mortes entre motociclistas está frequentemente relacionado a comportamentos de risco, como excesso de velocidade, imprudência, consumo de álcool e o uso inadequado ou ausência de equipamentos de proteção. Reforçam ainda que a inexperiência e o sentimento de invulnerabilidade entre alguns jovens, aumentam consideravelmente as chances de acidentes graves e fatais.
“Infelizmente, o acidente de moto não dá segunda chance”, alerta o secretário-adjunto do Segur, ao destacar a vulnerabilidade dos motociclistas e os elevados índices de mortalidade nesse tipo de acidente no município.
A Agente de Tráfego, Daniela Daltio, responsável por programas de educação no trânsito da SEGUR, destacou que, embora nem todos os acidentes sejam causados por motociclistas, eles costumam sofrer as consequências mais graves devido à maior exposição. Segundo ela, a imprudência continua sendo o principal fator, tanto entre motoristas quanto motociclistas, com o excesso de velocidade como uma das principais causas. Daniela também alertou para o comportamento de risco adotado por jovens, frequentemente influenciados por conteúdos de redes sociais que incentivam manobras perigosas.
“Por isso, é fundamental que o tema da segurança no trânsito seja abordado de forma ampla, envolvendo educação, fiscalização, conscientização e, principalmente, mudança de comportamento. Somente com o esforço conjunto de todos os usuários da via, pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas, conseguiremos, de fato, reduzir o número de acidentes e salvar vidas.” Reforça a Agente de Tráfego, Daniela Daltio, ao destacar a importância de uma abordagem coletiva para a redução de acidentes.
A Prefeitura de São Sebastião, por meio da Segur (Secretaria Segurança Urbana) e da Seduc (Secretaria da Educação), realiza diversas ações de educação para o trânsito.
Neste ano, o tema trabalhado é a campanha “Desacelera – seu bem maior é a vida”, que é alinhada ao calendário do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), com adaptações à realidade local. Com o alto número de acidentes envolvendo motociclistas, as atividades são voltadas principalmente a esse público. As ações incluem palestras em escolas e empresas, simulações de acidentes, blitz educativas e panfletagens. As iniciativas são intensificadas no Maio Amarelo e na Semana Nacional do Trânsito.
