Henrique Martins
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Sebastião (Sindserv) realizou, na manhã desta quarta-feira (11), um movimento de greve em frente ao Paço Municipal para cobrar o cumprimento do reajuste salarial da categoria. A mobilização contou com a presença de diversos servidores públicos, entre eles um grande número de professores, que participaram ativamente do protesto contra a falta de reajuste salarial por parte do Executivo.
Após o ato inicial, os manifestantes seguiram em caminhada pelo centro da cidade. O trajeto incluiu uma parada na Secretaria de Educação (Seduc), passagem pela Avenida Guarda Mor Lobo Viana e uma visita à Câmara Municipal, onde representantes do sindicato expressaram sua insatisfação e solicitaram apoio dos vereadores às pautas da categoria.
A manifestação foi encerrada em frente à Prefeitura, onde os servidores realizaram uma assembleia para definir os próximos passos do movimento grevista e traçar novas estratégias de mobilização. Na ocasião, foi aprovada a continuidade da paralisação.
Entre as deliberações, está a convocação de uma nova greve para o dia 14 de agosto. Até lá, os servidores farão paralisações semanais em diferentes unidades da cidade, como forma de conscientizar a população sobre a importância do funcionalismo público.
Também foram marcadas assembleias nos dias 4, 5 e 6 de agosto, nas sedes do Sindserv em Boiçucanga, Enseada e Centro, com segunda chamada às 19h, para organizar a mobilização e preparar a greve.
Quais as reivindicações do Sindserv?
Desde o início do ano, os servidores públicos têm realizado uma campanha por um reajuste salarial de 10%, correção dos valores dos vales e melhorias nas condições de trabalho. Em declaração publicada no site do sindicato, Angélica Garcia, presidente do Sindserv, destacou a gravidade da situação enfrentada por parte da categoria: “Temos servidores recebendo – na Tabela – abaixo de um salário mínimo Federal e que vão precisar ficar uns 17 anos no serviço público para chegar por volta de R$ 2 mil. Temos muitos que precisam fazer ‘bicos’ para fechar as contas do mês. Não dá para ficar em silêncio. Por isso, convocamos todos para unidos cobrarmos nossos Direitos…”
Posicionamento da Prefeitura
A gestão do prefeito Reinaldinho afirmou que mantém o diálogo aberto com o sindicato e que está disposta a buscar alternativas que valorizem os servidores públicos sem comprometer a estabilidade financeira do município.
Em nota enviada à imprensa no dia 8 de maio, a Prefeitura de São Sebastião declarou não ter condições financeiras e orçamentárias para atender ao reajuste salarial de 10% solicitado pelo sindicato. Segundo a administração, a medida geraria um impacto anual superior a R$ 70 milhões, valor considerado inviável diante do atual cenário fiscal.
O governo municipal apresentou, também no dia 8 de maio, uma proposta de aumento de 100% no vale-alimentação, elevando o valor de R$ 495,00 para R$ 990,00, e de 25% no vale-refeição, com reajuste de R$ 40,00 para R$ 50,00 por dia. No entanto, até a última sessão da Câmara, realizada em 10 de junho, o projeto com esses reajustes ainda não havia sido encaminhado ao Legislativo, o que intensificou as críticas do sindicato à gestão municipal.
Prefeito critica interferência de forasteiros
Em vídeo publicado na tarde desta quarta-feira (11), o prefeito Reinaldinho reafirmou que os reajustes propostos nos vales, de 100% no vale-alimentação e 25% no vale-refeição, representam o máximo que a atual situação financeira do município permite. Segundo ele, neste momento, não é viável conceder o reajuste salarial solicitado pelo sindicato.
O prefeito disse que a gestão não apresentou propostas parciais, e que para que os novos valores dos vales comecem a ser pagos, é necessário que os servidores aceitem a proposta da administração e encerrem sua campanha de reajuste salarial.
“Essa é a posição da Prefeitura, e seguimos mantendo o diálogo aberto. Agradeço mais uma vez aos servidores públicos que mantiveram os serviços essenciais em funcionamento. Continuo trabalhando de forma constante para garantir um controle fiscal adequado e responsável, assegurando todos os benefícios sociais e a prestação de serviços públicos com qualidade”, disse Reinaldinho.
“Estou à disposição de todos para ouvir, esclarecer, contradizer e rebater quando necessário. Não estou aqui para gerar debate, embate ou briga, mas sim para apresentar de forma transparente a posição oficial da Prefeitura.” – Declarou o prefeito Reinaldinho, em vídeo publicado em suas redes sociais.
Durante a fala, o prefeito Reinaldinho também criticou a presença de representantes de fora do município na reunião de negociação realizada nesta terça-feira (10). Segundo ele, participaram pessoas do movimento de Revolução Socialista e do Sindicato da Federação Socialista do Brasil, além de pessoas vindas de cidades como Santo André e Jacareí. Para o prefeito, esses representantes, que são servidores públicos em outras localidades, estariam interferindo negativamente na rotina da cidade, prejudicando serviços essenciais como saúde, educação e o trânsito, sem contribuir efetivamente para a resolução do impasse.
O prefeito alertou que, caso a greve continue e não haja um acordo com o sindicato, os servidores poderão perder os benefícios propostos pela Prefeitura, como os reajustes no vale-alimentação e no vale-refeição, que ainda não foram aceitos formalmente pelo Sindserv.
Apesar de críticas do sindicato, que contesta o argumento de crise financeira apresentado pelo prefeito, a Prefeitura de São Sebastião prorrogou por mais 90 dias, a partir de 10 de junho, as medidas de contenção de gastos previstas no Decreto nº 9.606/2025. A prorrogação foi oficializada por meio do Decreto nº 9.747/2025, publicado nesta terça-feira (10).