Pioneira entre os food trucks de Ilhabela, Nhackombe completa 10 anos

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Marcello Veríssimo

Uma história de amor pelo trabalho e vontade de mudar a vida. Quem passa pela simpática Nhackombe, no Píer do Perequê, em Ilhabela, não imagina que ela é a materialização do sucesso e de muito trabalho. Uma das pioneiras dos food trucks na ilha, prestes a completar 10 anos no dia 20 de setembro, a Kombi é a “menina dos olhos” do cozinheiro Nando Gonçalves, seu proprietário.

“Meu negócio nunca foi dinheiro, meu negócio sempre foi o amor, o dinheiro é consequência de um trabalho bem feito, do aprimoramento”, diz ele, que nesta última década abdicou de outras boas oportunidades profissionais para tocar a Nhackombe.

Cria do Grajaú, zona sul de São Paulo, Nando resolveu se mudar para Ilhabela com o objetivo de mudar de vida. “Eu queria morar na praia, e ser dono do meu próprio negócio, que eu mesmo gerenciasse e não tivesse tanta demanda de funcionários e que fosse prático”.

Mas, até então, o Nando, que é formado em gastronomia e diz com orgulho ser cozinheiro, não sabia o que poderia dar certo na praia. Ele disse que em um jantar entre amigos, um amigo o incentivou a vender comida na rua, mas segundo ele, ainda faltava decidir. “Não quis vender lanche, primeiro quis fazer risoto, mas não é um prato muito popular, eu não iria atingir o público da rua, até que um dia fazendo yakissoba em casa, pensei: é isso”, disse ele, que é pós-graduado em gestão de negócios na área de alimentação pelo Senac em São Paulo.

Neste momento, durante a pós-graduação, a ideia da Kombi personalizada começou a sair da cabeça de Nando e tomar forma em seu Trabalho de Conclusão do curso. Era uma época que os dois trucks ainda não eram tão populares no Brasil. Nando conta que uma de suas primeiras referências foi o trabalho desenvolvido por Rolando Massinha Vanucci, cozinheiro e consultor gastronômico em São Paulo. “Ele vende massa na rua, espaguete, fez a vida dele, ficou famoso, foi na Ana Maria Braga e era uma Kombi”, relembra Nando, que chegou a procurar Massinha para saber mais sobre o projeto. “Ele me chamou para trabalhar com ele, mas eu queria morar na praia e ter o meu negócio”.

Era por volta de 2009, Nando tinha concluído o curso, já tinha uma ligação com Ilhabela e disse que em comum acordo com sua mulher decidiu mudar para o arquipélago, onde consolidou sua marca e também sua família. “Meus filhos nasceram aqui, vim para a Ilha e a Kombi chegou aqui branca, sem investimento em material, branca, com as mesas de plástico, só tinha escrito aqui tem Yakissoba”, ele recorda.

A Nhackombe se desenvolveu em Ilhabela, assim como a experiência profissional de Nando, recebeu apoio de amigos e familiares.”Fui aprendendo, melhorando, aperfeiçoando. Consegui adesivar depois de 4 anos”. De lá para cá, segundo Nando, já foram vendidos aproximadamente 80 mil pratos. “Nos primeiros anos ficamos vendendo só Yakissoba e hoje temos uma diversidade de opções em pratos da cozinha chinesa, japonesa e asiática”.

Para os admiradores da gastronomia oriental não faltam opções, mas o atendimento é outro diferencial da Nhackombe. É como se sentir em casa. Nando, o sócio Ailton Reis e o motoboy Miranda formam a equipe atual da Kombi. “Eu trouxe o Ailton para trabalhar comigo, quando meu filho nasceu, em um sábado de Carnaval de 2014, ele assumiu as panelas e a gente foi se adequando agora ele já está aqui faz dois anos”.

Legado

Nando conta que entre 2019 e 2020, no auge da pandemia, percebeu que gostaria de fazer uma espécie de transição de carreira e realizar novos desafios em sua vida profissional e passar as panelas da Kombi para um sucessor. “Com a pandemia me vi cansado, querendo curtir mais a família, foi muito difícil levar o negócio sozinho até aqui”. “Todo mundo só vê o glamour, mas é muita ralação. A gente construiu uma história, tem uma profissionalização”.

Antes da Nhackombe, Nando trabalhou no restaurante La Casserole, no Largo do Arouche, famoso entre tantos outros atributos pela música “Freguês da Meia-Noite”, do rapper Criolo, também nascido no Grajaú e amigo de Nando. “Trabalhei dois anos nesse restaurante, foi uma escola, a melhor experiência que tive na cozinha e o Ailton trabalhou lá comigo”, conta Nando, que agora pretende deixar Ailton na “linha de frente”. O funcionamento atual da Nhackombe é de terça a domingo, das 18h a 0h.

Para Ailton Reis, 38 de Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, o desafio está aceito e missão dada é missão cumprida. “Está sendo desafiador, bom, mas desafiador. Processo de abdicar para estar aqui, um dia de cada vez, aprendendo bastante com essa experiência”.

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