Passageiros relatam terror durante acidente com ônibus da Viação Útil que saiu de São Sebastião para o Rio

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Marcello Veríssimo

A sorte foi Deus, somos um milagre pela gravidade do acidente. Assim, os passageiros do ônibus da Viação Útil, que opera a linha entre São Sebastião e o Rio de Janeiro, definiram os momentos de terror que viveram durante o acidente, na madrugada deste sábado (11), na rodovia Rio-Santos, na altura do Km 525, em Angra dos Reis.

O acidente aconteceu por volta das 3h da manhã, já quase perto de finalizar o trajeto que termina na rodoviária da capital fluminense. 31 passageiros ficaram feridos, incluindo três crianças. Na queda, por pouco o ônibus não atingiu o gerador de energia do Hospital de Praia Brava, o veículo só parou após cair da ribanceira perto da portaria, que desce atrás da unidade hospitalar.

Naquela noite, o ônibus viajava com passageiros de São Sebastião, Ilhabela e Caraguatatuba. Alguns passageiros também estavam a caminho do Rock in Rio. “A estrada é perigosa, eu peguei o ônibus em São Sebastião, estava na poltrona número 3 na frente, pensei sim que fosse morrer. Eu vi a morte”, diz a moradora de Maresias Tatyana de Oliveira Barros. “Pareceu que o motorista já não estava querendo fazer a viagem. A empresa não deu nenhuma assistência até agora, eles só pagaram o Uber para os passageiros, que ficaram no hospital e que tinham de se locomover. No meu caso, foi R$ 60 de Uber e depois não fizeram mais nada”, completou a passageira.

A jornalista Thalita Rocha, que mora em Ilhabela, diz que foi salva por um milagre. “A empresa tem que melhorar o serviço, melhorar o preparo dos profissionais. É uma opinião conjunta que o motorista estava excedendo na velocidade”, diz a jornalista, que ia para o Rock in Rio.

Tanto Thalita quanto Tatyana contam que o motorista do ônibus da Viação Útil parecia não querer fazer a linha na noite de sábado. “Quando a gente entrou no ônibus aparentemente estava tudo certo, mas quando chegamos na rodoviária em Caraguatatuba, o motorista foi conversar com outro funcionário, ele falou e muita gente ouviu que ele não queria fazer a rota, nem ser selecionado para aquela viagem, que entraria de férias no dia 20 e não aguentava mais e estava muito insatisfeito”, dizem as passageiras.

Foi neste instante, diz Thalita, que comecei a ficar mais apreensiva. “Seguimos viagem sentido Ubatuba, mas não estávamos conseguindo nem dormir por causa da trepidação do ônibus por causa da alta velocidade. Era impossível dormir”. A jornalista contou ainda que, em Ubatuba, uma passageira disse que iria descer em Angra dos Reis e foi então que, mais uma vez, o motorista teria mostrado despreparo e dito que “não conhecia nada do trecho” em que estava trabalhando. “Ficamos mais preocupados por ser uma pessoa que estava dirigindo em alta velocidade, sem conhecer o trecho, mas já era de madrugada na estrada”.

Após deixar a passageiras em Angra, segundo os passageiros ouvidos pela reportagem, o motorista teria dado uma carona a um rapaz. “Passaram cinco minutos e o acidente aconteceu, eu achei que estávamos descendo uma ladeira, mas na verdade o ônibus estava saltando, eu estava atrás do motorista e o vidro estourou todo, foi um pesadelo, nunca passei por isso”.

Na visão das passageiras, o acidente pode ter acontecido pelo fato do motorista estar conversando, dirigindo em alta velocidade e claramente insatisfeito com o trabalho que ele estava fazendo. “A Útil precisa arcar com esses erros, também estava visivelmente claro ser um ônibus velho, o acidente aconteceu por imprudência”.

“Foi a sensação mais horrível que já senti. Na rodoviária ele [o motorista] começou a reclamar, estava correndo muito e quando chegou em Paraty errou o caminho, entrou por dentro da cidade, continuou correndo o trajeto inteiro”, relembra a passageira Priscila Brito, corretora de imóveis de Caraguatatuba. “Estava dormindo, acordei no susto com ele descendo o barranco, primeiro invadiu outra pista e depois entrou com tudo na ribanceira. A sensação foi que iríamos morrer mesmo”, ela conta.

Priscila relembra que, com a queda, as malas voaram e uma passageira que estava no corredor do veículo indo ao banheiro também foi arremessada. “Eu só lembro de ver uma ambulância e que paramos atrás do hospital. O socorro também demorou um pouco para chegar”, diz Priscila Brito. “A nossa sorte foi que o ônibus é que o ônibus se chocou com uma pedra enorme e essa pedra nos salvou, pois caímos bem atrás do gerador do hospital e poderia ter explodido. O trauma foi bem grande, ralei o joelho e fiquei com muita dor nas costas, mas eu e meu amigo a gente meio que chora o tempo todo”.

Priscila é outra passageira que diz não ter recebido a assistência adequada por parte da Viação Útil. “O acidente aconteceu às 3h, e por volta das 9h ninguém apareceu, a empresa não deu assistência nenhuma. Eu liguei para a empresa e ninguém sabia do acidente, depois de horas foi aparecer um funcionário chamado Vicente, que teria de liberar nossas malas para irmos embora, mas não nos deram respaldo nenhum”.

Rodoviária do Rio

Priscila conta que já na rodoviária do Rio os passageiros foram divididos em táxis e Ubers para se locomoverem. Outro fato que chamou sua atenção foi que ao pedir para trocar sua passagem e revalidar o trajeto para voltar ao litoral norte por São José dos Campos, a empresa ainda queria cobrar mais R$49.

Grupo de Passageiros

Os passageiros do ônibus se reuniram em um grupo de WhatsApp e agora pretendem entrar com uma ação e tomar providências contra a Viação Útil.

Outros passageiros que moram em Caraguatatuba e trabalham no Rio e já pegaram esse ônibus com o mesmo motorista disseram que ele sempre “corre muito” durante as viagens.

A reportagem do JDL tentou ouvir a Viação Útil, no Rio de Janeiro, durante toda a manhã desta segunda-feira (12), mas a empresa não comentou sobre o acidente.

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