Marcello Veríssimo
O professor Vidal Haddad Júnior, da Faculdade de Medicina da Unesp, em Botucatu, no interior de São Paulo, autor do artigo divulgado pelo Cebimar (Centro de Biologia Marinha) da Universidade de São Paulo, que fica em São Sebastião, procurou a reportagem do JDL para falar dos pontos cegos que causaram dúvidas dos internautas.
De acordo com ele, a dermatite dos trajes de banho (seabather´s eruption) foi relatada pela primeira vez no Brasil em 2002, justamente na área que abrange a costa do litoral norte de São Paulo. “Desde então, centenas de casos foram observados em várias áreas do litoral brasileiro. Hoje podemos dizer que é comum e que sempre existiu, mas não era percebida”, explicou Vidal.
O quadro ocorre com a proliferação intensa e pelo aprisionamento de larvas plânulas de Linuche Unguiculata, sob os trajes de banho dos veranistas que, sem poder escapar, disparam seus nematocistos, que são células urticantes de defesa provocando a chamada erupção papulo-eritemato-pruriginosa, onde os especialistas suspeitam de uma reação de hipersensibilidade, mas que ainda não tem comprovação.
Vidal explica que a liberação das larvas é maciça, mas acontece esporadicamente, quando surgem os casos, especialmente em crianças. “A dermatite não é notada inicialmente, o que dificulta a ducha para retirar os animais, algo também complicado pela permanência destes sob os maiôs e sungas”, disse o professor. “A prevenção só pode ser feita pela percepção de casos e proibição de banhos de mar na área, algo difícil de se conseguir”, ele completa.
O professor disse ainda que o maior número de casos está concentrado em Santa Catarina. 83,3% deles em Balneário Camboriú e 16,7% na Praia de Mariscal, em Bombinhas. Os casos se dividem em 50% de turistas e 50% de moradores das localidades, sendo a maioria crianças abaixo dos 12 anos, o restante aproximadamente 16% dos pacientes adulto, a maior parte deles 66% é de mulheres.