Marcello Veríssimo
Uma sujeira que não pode ir para debaixo do tapete. Moradores do bairro Barranco Alto, na região sul de Caraguatatuba, estão revoltados com a existência de um suposto aterro sanitário, que formou uma imensa montanha de lixo em uma área pública, que fica nos arredores da avenida Cândida de Souza, a principal do bairro.
Logo que se entra na avenida, após sair da rodovia, já é possível ver o lixo, que é cercado por galerias fluviais, residências e próximo do rios Perequê-Mirim e Juqueriquerê. “Nosso lixo é milionário, mas falta o tratamento correto”, diz a moradora Lisa Aranha, que denunciou o caso nas redes sociais e recebeu a reportagem do JDL na manhã desta quinta-feira (8). “Antigamente, eles alegavam que era só reciclável hoje não é mais e não é possível tirar essa montanha de lixo pois não tem para onde ir”, ela completou.
De fato. A reportagem percorreu os principais pontos que circundam o aterro e constatou a presença de diversos resíduos como sacos plásticos, madeira, pneus velhos com água acumulada, dejetos de cemitério, entre outros. Durante o período que permaneceu no local, o JDL também presenciou máquinas e caminhões descartando o lixo na área que ainda tem como vizinhos a Sabesp, EDP Energia e a garagem da empresa de ônibus Pássaro Marron.
A origem da área é um mistério. Os moradores contam que os caminhões passam pela avenida do Rio Claro, que também leva ao CDP (Centro de Detenção Provisória). “Todos sabem da existência dela [a montanha de lixo] que deve estar contaminando a água e tudo ao redor”, eles dizem.
A população ao redor também convive com mau cheiro constante e a infestação de insetos e animais peçonhentos como ratos, baratas e também do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue. “Nesta semana eles passaram fazendo nebulização por conta da infestação do mosquito. É um problema de saúde pública”, diz Lisa, que antes de denunciar o caso procurou a Prefeitura de Caraguatatuba e a Câmara para buscar resolver o problema da montanha de lixo.
Dependendo do ângulo que se olha, as proporções entre a montanha de lixo e a Serra do Mar também são assustadoras sendo possível avistá-la de qualquer ponto do bairro. “Essa montanha é um pólo de contaminação fantástico. E a prefeitura não nos dá uma resposta”, diz Lisa.
A dona de casa, Maria Aparecida, que mora no bairro há dois anos, disse parecer que a montanha só aumenta. “Desde que mudei para cá parece que aumentou, estava mais baixo, incomoda muito”.
Maria Aparecida também disse que fica preocupada com as crianças que brincam no campinho embaixo do aterro. Para o marido de Lisa, Alaor Aranha, ainda existe o risco de quando chover forte “a montanha desmoronar e os resíduos descerem para as casas”.
A dona de casa Maria Cecília de Oliveira, que também mora próximo da montanha de lixo, considera lamentável a situação. “Precisam retirar isso o mais rápido possível, pelo amor de Deus”, ela suplica.
O que dizem os envolvidos
A Cetesb informou que Caraguatatuba não possui em operação aterro de resíduos domésticos. De acordo com a companhia, o local é uma área da prefeitura, que iniciou o chamado licenciamento ambiental da atividade de beneficiamento, transbordo e triagem de resíduos da construção civil e podas de vegetação para a área que está localizada na travessa Jordão Pedro, n° 305, Barranco Alto, denominada ATT Barranco Alto. “Porém, até o momento, a prefeitura não obteve a licença, inclusive por falta de cumprimento de exigências feitas pela CETESB, que motivou a aplicação, pela agência ambiental, de penalidades previstas na legislação”, destacou a companhia ambiental.
De posse da presença da reportagem do JDL técnicos da companhia realizaram uma nova inspeção nesta quinta-feira (8) e constataram a disposição inadequada e ilegal dos resíduos. “Equipamentos anteriormente existentes para beneficiamento de resíduos foram removidos do local. Constatou-se, ainda, a presença de lixo doméstico em meio aos resíduos de construção civil, poda vegetal e outros de grandes volumes, como sofás e colchões. Deste modo, a CETESB dará continuidade na sua ação de controle com a aplicação das sanções administrativas legais cabíveis”.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Caraguatatuba não comentou o caso. O JDL também procurou o Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente) do Ministério Público, mas não obteve resposta.
Veja o vídeo da denúncia da moradora da região:
os nossos vereadores não estão preocupados com o povo, nesse momento, em que passamos por uma das piores crises,eles estão preocupados em aumentar os seus salários