Marcello Veríssimo
Uma praia e muitas histórias. A Praia da Feiticeira, ao sul de Ilhabela, é uma das praias mais tranquilas do arquipélago. Mesmo com a alta lotação da temporada de verão, a maioria dos frequentadores são famílias com crianças, casais e jovens em busca de tranquilidade, sem algazarra ou as famigeradas caixas de som que estão tomando conta das praias da região.
Na Feiticeira, o que predomina é o barulho do mar, do vento na folha das árvores e o canto dos pássaros.
Para chegar lá, na saída da balsa siga em direção a rodovia SP-131 por aproximadamente 5 km. Se estiver saindo da Vila, no Centro Histórico, a distância aumenta para pouco mais de 11 km.
Pela rodovia, aprecie as praias que ficam pelo caminho e a vista deslumbrante. A Praia da Feiticeira fica entre a do Portinho e a Praia do Julião.
Ao avistar a base da Polícia Militar, vire à direita e desça pela avenida José Lins do Rego, que termina pouco antes da entrada da praia. É possível escolher o lugar para deixar o carro entre os estacionamentos disponíveis no local ou deixar o carro na rua.
Mas ainda é preciso caminhar por uma espécie de corredor que é cercado por um muro alto de pedras e árvores, que contornam o antigo casarão da Fazenda São Mathias e sei engenho de cana-de-açúcar.
Ao chegar na praia, o turista pode aproveitar e relaxar. São 250 metros de faixa de areia fofa, cercado por natureza, casas de alto padrão e um luxuoso condomínio, na ponta direita da praia. “O mar é tranquilo e ótimo para quem tem filhos. Mas tanto a estrutura pública como a privada podem ser melhoradas. Não há banheiros públicos, lixeira, etc. E tudo é muito caro. Mas vale a pena explorar a região”, disse o turista Ricardo Barbosa.
Ricardo fala e com razão. A reportagem do JDL esteve na Feiticeira nesta terça-feira (17) e constatou realmente a ausência de lixeiras e muito lixo acumulado na entrada da praia.
Apesar do lixo na entrada da praia, a beleza da praia encanta aos turistas. “Praia linda, água limpa, tem que andar um pouquinho para chegar, mas no geral a praia é uma linda experiência”, disse a jovem Talita Silva.
Lenda da Feiticeira – A pergunta que todos querem saber quando chegam é: Mas afinal, qual a origem do nome Praia da Feiticeira, uma bruxa morou na região?
A reportagem do JDL conversou com caiçaras locais e descobriu que Maria Perpétua Calafate de Souza era uma senhora de engenho portuguesa e não tinha nada de assustador e tenebroso em sua vida. Vivia em Portugal, mas quando seu marido, o escrivão João Rodrigues da Siqueira morreu, tudo começou a mudar em sua vida.
Viúva, Maria se mudou para o Brasil Colônia, para onde embarcou em direção à Ilha de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Foi lá que a portuguesa deixou o passado de lado.
O tempo passou e já no Brasil Maria se casou novamente, desta vez com Antônio José Lisboa de Souza, um oficial militar aposentado, com quem teve um filho. Outra novidade em sua vida é que ela começou a empreender em um negócio secreto e com fama de sombrio: começou a fazer adivinhações como cartomante. Ainda vendia amuletos e poções supostamente mágicas que prometiam resolver problemas dos seus clientes.
“Sua fama como feiticeira aumentava a cada dia, atraindo forasteiros que iam até o povoado em busca de suas previsões. Até que, em 1812, foi acusada de bruxaria”, conta a historiadora Caroline Dias.
Entre os caiçaras, uma versão da lenda diz que ela fez fortuna com piratas contrabandistas e com comandantes de navios negreiros que, após 1850, com a proibição do tráfico de escravos africanos, utilizavam a Ilha como ponto preferido de entrada dos escravos ilegais no Brasil. Um dia, já envelhecida e temendo ser saqueada, ela teria entrado na floresta e enterrado um tesouro com auxílio de seus escravos. Para evitar que revelassem o segredo, teria matado a todos e voltado sozinha da mata. Chamada de feiticeira pelos pescadores locais, teria finalmente enlouquecido e desaparecido, deixando para trás o seu misterioso tesouro enterrado.
