Marcello Veríssimo

Quando você desce a rampa no Sítio Santa Seiva, ao extremo sul de Ilhabela, na avenida Mário Covas Junior, altura do número 14.446, não percebe mas está entrando em um universo paralelo. Isso porque, ao entrar no Santa Seiva, o visitante deixa do lado de fora o cotidiano corrido, a ansiedade e passa a prestar atenção nos seus cinco sentidos, a proposta do trabalho feito pelo proprietário Galeno Simões, 72, e sua equipe há 40 anos. “O que realizamos neste período, o que fizemos a bem da verdade, foi a reposição da cobertura vegetal. O sítio Santa Seiva, como a maioria dos sítios em Ilhabela, plantava a cultura de subsistência: mandioca, feijão, cana, batata”, explica Galeno, que montou uma espécie de linha do tempo mental para delimitar a evolução do sítio a reportagem do JDL.

Por volta do ano 2010, o JDL esteve no sítio Santa Seiva para mostrar o trabalho que é pioneiro em Ilhabela e no Litoral Norte. De lá para cá, Galeno conta que os tempos mudaram. “Naquela época, outrora, não havia açougue em Ilhabela, carne bovina quando conseguiam vinha de São Sebastião, que ainda também era pouca, pois não havia estrada ou comiam suas caças, como macaco, capivara, cotia. Essa era a suplementação da carne, propriamente dita”.

Além destas opções, o peixe também era consumido em abundância, entre outras opções como frangos criados no próprio quintal.”Alimentação do povo caiçara dependia dessa cultura de agricultura familiar”, diz Galeno.

Para fazer as plantações e abrir espaço nos terrenos, os agricultores limpavam o terreno queimando a vegetação. “Era quase impossível limpar tudo na enxada, por causa da topografia”. “Quando eu comprei o sítio era só um sapezal e pouquíssimas árvores, umas 15. Nesses 40 anos nós fomos reintroduzindo, revegetando e reflorestando”, explica Galeno.

Por todas essas fases, em síntese, revegetar é colocar vegetação e reflorestar é formar florestas. Para entender, os apreciadores e interessados no assunto devem conhecer a reserva de permacultura, práticas alternativas de agricultura, e bio construção. “Estamos aqui há 40 anos, não somos um cenário, é só vir conhecer”, diz Galeno Simões.

E de fato, a reportagem constatou nesta sexta-feira (28) que o sítio continua desenvolvendo o trabalho em benefício desta e das futuras gerações. “O sítio sempre trabalhou com esses princípios quando ainda não existiam os nomes de agrofloresta, permacultura e bioconstrução. Esse conhecimento permite às pessoas construírem seus espaços aproveitando sempre aquilo que os cerca”.

40 anos

Galeno, em sua linha do tempo, conta que atualmente o Santa Seiva é uma agrofloresta e produz alimentos para animais e pessoas. “Hoje existe essa conceituação, que não tinha antigamente quando nós começamos”. “Esse é o despertar dos sentidos. Fomos aqueles que começamos a seguir esse processo. E hoje o sítio Santa Seiva é uma referência de permacultura, bioconstrução e práticas alternativas”, explica Simões.

Agora, visando expandir esse trabalho, o sítio Santa Seiva foi escolhido pela Prefeitura de Ilhabela para realizar o projeto “O Despertar dos Pequenos”. “Trazendo as crianças para cá a partir de maio”.

O projeto é voltado para os alunos da rede pública municipal na faixa etária a partir dos 13 anos com o objetivo de despertar as crianças sobre o meio em que elas vivem. A sua relação com o mundo, a descoberta da vida, da sua existência, só se passa através dos cinco sentidos vitais.

Acomodações

A sustentabilidade, meio ambiente, preservação e qualidade de vida estão por todos os lados do sítio que tem aproximadamente 25 mil metros quadrados. Atualmente, existem 8 casas de acomodação disponíveis para alugar por meio do aplicativo Airbnb ou Booking. “Mas que as pessoas saibam que estão vindo para um sítio em meio a mata atlântica onde é plantada comida para animais e gente, com animais silvestres, acordar com tucano batendo na janela. Não dá para acreditar sem viver isso”.

Para saber mais sobre o sítio Santa Seiva, siga o perfil no Instagram @santaseiva.

 

.

By srneto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *