Marcello Veríssimo
Mais que um ritmo musical, uma filosofia de vida. Na próxima quinta-feira (11) é celebrado o Dia Nacional do Reggae no país, instituído pela Lei Federal 12.630/2012, a época sancionada pela então presidente Dilma Rousseff.
A data foi escolhida para celebrar o gênero musical, que nasceu na Jamaica, mas que tem ligação com diversas partes do Brasil, principalmente do Nordeste, como São Luís do Maranhão, considerada a capital brasileira do reggae.
Também foi no dia 11 de maio em 1981 que morreu Bob Marley, ou como seu nome de nascimento Robert Nesta Marley, o maior nome do reggae da história, que se estivesse vivo estaria com 78 anos.
Para saber o que de bom está acontecendo na cena musical do reggae na região, a reportagem do JDL saiu às ruas no último sábado (6) para conversar com os representantes atuais da nova geração que propagam a mensagem do som deixado por Bob Marley, que prega ideais de liberdade, paz, amor e igualdade por direitos sociais das minorias.
Em Caraguatatuba, o músico e produtor musical Marcello Menezes, o Akin Assad Jamaican Bass, 44, recebeu a reportagem para uma Jam Session com os integrantes da banda Nação Judah e Crias do Reggae. Ele também falou sobre a importância do reggae e de Bob Marley na sua vida e carreira na música. “Lembro que tinha 12 anos, minha mãe colecionava discos de vinil e adorava mexer. Achei uma coletânea chamada Summer Reggae, que tinha vários artistas, entre eles Bob Marley. Eu fiquei fascinado por aquele som”, disse Marcello sobre seu primeiro contato com o rei do reggae.
Menezes disse que, então, começou a traduzir algumas músicas, passou a comprar fitas k7, entre outros materiais sobre o artista. “Eu vi que a mensagem [do reggae] não existe em nenhum outro ritmo, que toca na alma. Até hoje eu escuto, escuto os filhos dele. Quando o Julian Marley, um dos filhos do Bob, veio a São Sebastião nós fomos até lá e encontramos o Edu Ribeiro, que eu também já toquei e o Julian nos tratou super bem, eu pensei: zerei a vida”, disse ele, que nasceu em Fortaleza, foi criado em Salvador e atualmente mora em Caraguá.
Durante quase uma hora e meia, o produtor musical contou as referências que Marley proporcionou em diversas fases da sua vida e ao longo de sua estrada na música, que coleciona pontos altos como shows de abertura da Tribo Jah, Edson Gomes, Alpha Blondy. Hoje, o reggae está na família do produtor que divide os projetos musicais de sua banda com a esposa Kayla Makena, 24. “Nossa conexão é muito forte, pela música. Ela canta e compõe, vem de uma família de músicos, cantava na igreja”.
E de fato, Kayla canta. Para a reportagem, a vocalista cantou a música Sentimento Bom, da banda Filosofia Reggae. “Eu sempre cantei, mas sempre cantei na igreja. Quando ele me apresentou a primeira música reggae, percebi que era o que eu gostaria de seguir cantando”.
Parceiros
O técnico em enfermagem, Sérgio Cabral, disse que o reggae e Bob Marley estão na sua vida desde pequeno. “Trabalho na área da enfermagem, mas nas horas vagas é aqui que eu gosto de estar”, disse ele, que também vem de uma família com bases musicais. “Sempre assisti os vídeos do Bob Marley, gostei das letras, agora estamos conquistando nosso espaço”, disse ele.
O vocalista da banda Nação Judah, Ranieri Costa, disse que, para ele, o reggae também é um dos seus alicerces musicais e da banda desde 2004. “Bob foi quem me iniciou no reggae, acho que é o começo de todos os amantes do reggae”.
Terra Forte
A banda Terra Forte, fundada em 2019 pelos irmãos Danilo e Douglas Cossani, vocalista e baixista, respectivamente, é um dos remanescentes da atual geração do reggae no Litoral Norte. “O Terra Forte surgiu no dia 1 de janeiro de 2019. No Rastafari, quando algum rasta faz aniversário, quando ele cumpre anos, eles dizem happy earth strong, que significa feliz terra forte, ou earth today, feliz dia da terra”. “É como se a pessoa tivesse dado uma volta ao redor da terra ou como se a terra tivesse girado uma vez para aquela pessoa especificamente”, disse Danilo.
E é justamente isso que a banda vem fazendo: girando a sua terra e ganhando cada vez mais destaque nos municípios da região. “A ideia da banda é isso: plantio, colheita, plantar, regar, florir, frutificar, florescer e depois alimentar a vida. Nossas músicas são voltadas para a espiritualidade da terra, do nascimento, da criança, a terra é um útero. E nós homenageamos o sagrado feminino, mas sempre ligado à filosofia rastafari”, disse Danilo, que neste Dia do Reggae vê a Resistência, que é um dos pilares cantados por Bob Marley, como forma de se atingir os objetivos. “O reggae é resistência, sempre. A gente faz por amor por entender que essa é a nossa missão de vida. O dinheiro é consequência, a nossa persistência faz com que a gente chegue. Persistência é não desistir de fazer”, completa Cossani.
A atual formação do Terra Forte conta com Danillo Cossani (vocal), Douglas Sata James (baixo/backing vocal), Lincoln Melo (guitarra/backing vocal), Renan Einstein (bateria) e Luiz d’elboux (teclado).
Para saber mais sobre o trabalho das bandas desta reportagem basta seguir os perfis no Instagram @terraforteoficial, @nacaojudahoficial, @criasdoreggaeoficial.