Não era só uma ficada: Gerações dos aplicativos criam novo rótulo para definir relacionamentos sem compromisso

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Marcello Veríssimo

Nesse Dia dos Namorados, um novo rótulo surge para definir as relações afetivas dos jovens da Geração Z. Não é namoro, não é amizade, não é ficante, é uma “situationship”, termo em inglês que faz uma zoeira com “relationship” (relacionamentos) que podem ser classificados como um ficante Premium ou um rolo oficial.

De acordo com os especialistas, as situationships estão se tornando cada vez mais comuns atualmente nos consultórios dos psicólogos e na vida das pessoas como termos que fazem referências às relações abertas e não monogâmicas.

Relatório divulgado pelo aplicativo Tinder, em maio, mostra que a geração Z, de nascidos entre o final dos anos 1990 e 2010, não descarta a possibilidade de viver relacionamentos amorosos, mas prefere defini-los de forma diferente.

O relatório do aplicativo Tinder aponta que essa é uma tendência que veio para ficar e cada vez mais relacionamentos amorosos estão se adaptando a novos modelos entre as pessoas, principalmente aos jovens, mas não se pode dizer que os millenials, que nasceram entre o início dos 80 e meados da década seguinte, sejam os últimos românticos.

De acordo com o levantamento, a maioria das pessoas entre 18 e 30 anos diz buscar companheirismo, amizade ou encontros sem compromisso no app. Mas, simultaneamente, 64% das pessoas deste grupo diz gostar da satisfação emocional que um relacionamento proporciona.

Mesmo para aqueles que buscam sexual casual na internet, segundo o relatório, a busca não é apenas pelo ato em si. 61% dos internautas dizem querer fazer novas conexões.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o psiquiatra Jairo Bouer, disse que atualmente não é como se o ideal de amor romântico tivesse se perdido entre os mais jovens ou entre os mais velhos. Para Jairo Bouer, que é um dos especialistas em sexualidade mais importantes do país atualmente, a ideia de encontrar alguém continua presente na cabeça e no coração das pessoas, mas com formas variadas. “Há uma gama maior de opções e eles estão menos preocupados em fechar essa história tão cedo”, disse Bouer, que não vê diferença clara entre um ficante e uma situationship. “Talvez o termo esteja ligado à necessidade geracional de atualizar comportamentos já existentes em outras faixas etárias”.

A reportagem do JDL saiu às ruas para falar com os adeptos dos aplicativos que buscam relacionamentos utilizando a ferramenta. Romântico assumido, treinador e mentor de qualidade de vida, Giobert Gonçalves, de São Sebastião, disse que os aplicativos são uma realidade e que podem proporcionar boas surpresas, mas desde que tudo seja leve. “Os apps são como um grande botecão da vida real, você senta, puxa a sua cadeira e vai conversando, interagindo, mas sem pressa. A pressa é inimiga da perfeição e, neste caso, da relação”, ele disse.

A dona de casa Flávia Dias, de Caraguatatuba, disse que atualmente está fora dos aplicativos, mas não vê nada contra. Para ela, o único empecilho por se tratar de uma cidade pequena em que todos se conhecem a pessoa precisa saber lidar com a exposição, dependendo do modo de vida que ela leva. “Acho super válido, mas as pessoas são conservadoras, e temos de nos resguardar. Eu fiz uma vez, mas acabei saindo e nunca mais voltei”.

A estudante Patrícia Souza, de São Paulo, disse que em uma cidade do tamanho da metrópole usar o app é uma das mil possibilidades. “Diferentemente das cidades pequenas, aqui em São Paulo, as pessoas não são tão arcaicas. Casa um pode ser o que é e eu acho super válido conheci meu boy novo no Tinder”, disse ela.

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