Marcello Veríssimo
O ex-prefeito de Caraguatatuba, Antônio Carlos da Silva, afirma que o escândalo envolvendo a falta de remédios essenciais na rede pública do município é lamentável. A divulgação da ação por danos morais pela falta de remédios que pode levar a prefeitura da cidade a ter que pagar R$ 10 milhões, provocou uma espécie de efeito dominó na gestão do prefeito Aguilar Júnior, que prefere o silêncio ao invés de falar.
O ex-prefeito Antônio Carlos conversou com a reportagem do JDL nesta quinta-feira (22) e disse que o caso dos remédios é apenas a “ponta do iceberg” de um problema que afeta todas as políticas públicas do município atualmente. “Em 2016 foi meu último ano, e Caraguatatuba era uma empresa pública com um orçamento de R$ 560 milhões, e essa empresa pública que era o município recebeu em 2016 mais de R$ 13 milhões de juros bancários e tinha um poder de investimento de 19% do orçamento”, disse o ex-prefeito.
De acordo com Antônio Carlos da Silva, isso significa que, somados os valores de toda a despesa e toda a receita do município, ainda sobrava esse percentual do orçamento para investimentos. “Que dava uma média de R$ 90 milhões por ano em investimento próprio”.
O ex-prefeito disse que deixou a cidade com um montante de aproximadamente R$ 63 milhões em caixa e que não entende como o município chegou a esse patamar de crise, principalmente na área da saúde pública. “R$ 35 milhões terminavam todas as obras que precisava fazer, e ainda sobravam R$ 28 milhões para investimentos, isso com um orçamento de R$ 560 milhões. O atual prefeito entrou e foi aumentando o orçamento e nos quatro primeiros anos dele, recebeu quase R$ 1 bilhão a mais que eu. Hoje o orçamento de Caraguá é de R$ 1,4 bilhão”, disse Antônio Carlos. “Eu fico triste dos meus irmãos, do povo não ter remédio, não ter comida, as crianças não podem repetir na escola e a qualidade da merenda está baixa. Essa é a realidade atual de Caraguatatuba”, completou o ex-prefeito.
Antônio Carlos disse ainda que todos esses erros são lamentáveis.
“Ainda mais essa situação de não ter remédio, o buraco é muito mais embaixo, pois você estar doente e não ter remédio é muito sério e que bom que os Ministérios Públicos estadual e federal estão fiscalizando”. “É um descaso com orçamento bilionário”, disse Antônio Carlos da Silva, que foi prefeito por 16 anos em Caraguatatuba.