Acidente com carreta de bois mostra toda crueldade com o transporte de cargas vivas

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Marcello Veríssimo

Defensores da causa animal no Litoral Norte protestaram neste domingo (6) contra o embarque de cargas vivas no Porto de São Sebastião. A manifestação, que aconteceu por volta das 10h, foi realizada após o acidente envolvendo uma carreta que transportava 90 cabeças de gado que seriam embarcadas no Porto com destino a Turquia, no último sábado (5), na altura do bairro Enseada, costa norte do município. Dez animais morreram no acidente.

O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal também tenta proibir a exportação de bovinos vivos, decisão está em análise no TRF3.

De acordo com os defensores da causa animal, a manifestação ocorreu na Praça da Vela, no bairro Porto Grande, região central de São Sebastião, com o tema “Ato contra embarques de animais vivos no porto de São Sebastião”.

A rota de embarque no Porto somente este ano já realizou oito embarques de animais vivos para a Turquia. No total, cerca de 70 mil animais provenientes de fazendas do interior do estado de São Paulo e Minas Gerais devem ser exportados.

Na última semana, três navios saíram do Porto sebastianense para a Turquia, país em que os animais passam por uma dieta de engorda antes de serem distribuídos para outros países do continente asiático. Foram 46 mil cabeças de gado.

Agosto – O mês começou no último dia 1º, com o navio Al-Kuwait levando 20 mil cabeças de bois até a Turquia. A operação de carga durou aproximadamente um dia. A viagem até o país deve durar cerca de 20 dias.

O movimento contra o embarque de cargas vivas disse que outros dois navios permaneceram fundeados no Porto aguardando novos carregamentos. Trata-se do Ocean Drover, com bandeira de Singapura, que iria receber 21 mil bois.

Além do navio de Singapura, o Transporter, do Panamá receberia uma carga viva com cinco mil cabeças. Após chegar à Turquia, os animais posteriormente seriam vendidos para países como o Iraque, Egito e Jordânia.

O Brasil também exporta animais vivos para o Egito, Iraque, Palestina, Angola, Argélia, Bolívia, Camboja, Congo, Emirados Árabes Unidos, Equador, Ilhas Maurício, Jordânia, Líbano, Irã, Marrocos, Moçambique, entre outros.

Além do porto de São Sebastião, as exportações de animais vivos também acontecem nos portos de Imbituba, em Santa Catarina e de Vila do Conde, no Pará.

Oito horas – Uma das motivações do movimento, foi o acidente com uma carreta que transportava 90 animais de uma fazenda no interior do estado para o porto de São Sebastião, que tombou na madrugada do último sábado (5), deixando pelo menos 10 animais mortos.

A rodovia ficou interditada por mais de 8 horas. O caminhão bateu contra o guard rail e tombou na pista no km 115 da rodovia Rio-Santos (SP-55), no trecho de serra do bairro da Enseada, na costa norte de São Sebastião, por volta da 1h da madrugada.

Informações dão conta que o motorista não ficou ferido, mas três bois morreram no local e outros 10 teriam ficado feridos e seriam sacrificados.

2017 – Desde 2017, o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal move uma ação civil pública pela suspensão da exportação de animais vivos pelos portos. No mês de abril deste ano, a justiça proibiu a exportação de animais vivos por meio de transporte marítimo, em todos os portos brasileiros.

Mas a decisão foi suspensa pelo juiz federal Djalma Moreira Gomes que decidiu suspender o ato até a contemplação do TRF3.

O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal informou que mesmo suspensa a decisão é histórica pelo direito dos animais. “Onde se reconhece o sofrimento causado, em uma atividade semelhante ao tráfico de humanos durante a escravidão”.

Além dos danos aos indivíduos, segundo os protetores, o impacto ambiental também é grave. Por onde passa o navio lança dejetos de milhares de animais, incluindo os cadáveres dos animais também descartados no mar.

A ação está em fase de recurso, aguardando a decisão do TRF3.

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