Marcello Veríssimo
Não se trata do acaso, sorte, coincidência ou destino. A atração é científica. De acordo com os especialistas, o que a pessoa faz no seu cotidiano, sua aparência, gestos, seu modo de vestir, seus comportamentos, entre outros fatores são essenciais para provocar excitação e uma provável tendência para aproximação física.
O InPaSex (Instituto Paulista de Sexualidade) divulgou uma pesquisa que analisa uma série de padrões no jogo da conquista. De acordo com a pesquisa, pode até ser que a pessoa esteja no lugar certo e na hora certa, mas o encantamento que ela causa geralmente advém de padrões das suas experiências de vida, referências inconscientes relacionadas a pessoas das quais gostou e que marcaram a sua vida.
Os especialistas dizem que, a partir do que se capta do outro, o cérebro cruza informações antigas com novas, coletadas pelos sentidos, criando uma primeira impressão que pode gerar interesse. “A atração pode ser fruto de um achismo, uma leitura superficial, e ainda é influenciada por processos químicos”, dizem os especialistas.
O psiquiatra Eduardo Perin, especializado pelo InPaSex (Instituto Paulista de Sexualidade), disse que o cérebro vive em busca de sensações de recompensa. “Assim, curiosidade, encanto e euforia por alguém que nos agrada, além de encontros e conversas com essa pessoa, por exemplo, são assimilados como meios para se obter essa sensação várias vezes, pois produzem prazer”, ele disse.
O psiquiatra explica que são liberados dopamina e serotonina, neurotransmissores relacionados à ideia de felicidade e motivadores da atração. “No entanto, acabamos deixando de lado a racionalidade, por ela diferir das escolhas emocionais do cérebro, ocorre uma desconexão”.
O cinema já mostrou grandes personagens que trocaram seus parceiros para viver um grande amor por quem se sentiram atraídos. Uma delas é a personagem Rose do clássico “Titanic”, que trocou seu noivo rico pelo pobre Jack.
Já no desenho “Shrek”, a princesa Fiona preferiu o ogro ao príncipe encantado. De acordo com InPaSex, os exemplos apesar de ficcionais mostram que em se tratando de atração tudo é possível e são vários fatores que fazem alguém se interessar pelo outro.”Para além do que se vê, ouve e sente da interação com o outro, o olfato desempenha um papel importante. Sem o sujeito perceber, ou querer, ele registra sinais químicos naturais exalados pelo outro, os chamados feromônios, substâncias mensageiras produzidas pelo corpo com o intuito de atrair parceiros potencialmente sexuais”, diz o psiquiatra.
Beleza – O psicólogo, Yuri Busin, disse que todos nós temos tendência em nos atrair por quem nos trata com gentileza, respeito e exclusividade. “Há quem prefira as qualidades, o charme, o bom humor, ou até considere alguém bonito, mas não interiormente, por isso não sente atração em querer se relacionar”, disse o psicólogo.
Além disso, a semelhança em atitudes, hábitos, interesses e valores também podem funcionar para despertar uma atração. No caso do filme Titanic, Rose percebeu que Jack era livre e levava uma vida simples e destemida, bem diferente de sua realidade. “As características que gostaríamos de melhorar em nós e que podem ser perceptíveis no outro funcionam como imãs”, dizem os médicos.
Fatal – O alerta da pesquisa é para as pessoas tomarem cuidado quando a atração é em excesso causando ansiedade, expectativas, pensamentos sobre o outro de forma obsessiva, prejudicando a própria vida deixando os próprios afazeres de lado.
Neste sentido, o recomendado é procurar ajuda médica. Segundo os especialistas, quanto mais repertório de vida é melhor, pois se a pessoa não aprende a frear os próprios impulsos, tende a esperar por recompensas o tempo todo, cria uma imagem romantizada do outro, além de ficar vulnerável a chantagens emocionais e compulsões, sobretudo se é alguém que teve poucos relacionamentos saudáveis.
No longa “Atração Fatal”, da década de 80, a personagem interpretada pela atriz Glenn Close, fora de controle, tentou se matar e infligir o homem alvo de seu desejo a uma série de sofrimentos. No caso da personagem, tudo indica que ela sofria do transtorno de personalidade borderline, cujos sintomas incluem baixa autoestima, extrema intensidade, dependência afetiva, oscilações bruscas de humor.
Heloísa de Mulheres Apaixonadas – A reportagem do JDL conversou com moradores da região na tarde desta terça-feira (22) e, para eles, viver uma relação como a da personagem Heloísa, vivida pela atriz Giulia Gam, na novela Mulheres Apaixonadas, no ar na reprise do Vale a Pena ver de Novo.
Heloísa é obcecada pelo marido, obsessiva e compulsiva não é tão viável em 2023. “O amor é nobre, para ser vivido de forma única e especial. Se a mulher que eu estiver saindo for uma Heloísa, eu nem cruzo a linha de chegada”, diz Lucas Guimarães, de Caraguatatuba.
Para Gilberto dos Santos, de São Sebastião, que preferiu usar um nome falso por ser homossexual, atração sem foi desejo e ele se atrai por aqui que deseja. “Pode ser semelhanças, diferenças, facilidades, dificuldades, aversão, atração. Pode ser qualquer coisa”, analisa.”Quando eu tinha baixa autoestima, me sentia pequeno e desamparado, me atraía por homens musculosos, protetores, que cuidassem de mim. Hoje que mudei, me atraio por outra coisa”, ele disse.
Para a jornalista Viviane Silva, que nasceu em São Paulo e atualmente mora em Caraguatatuba, o casamento não tem fórmula exata, não tem padrão e cada um faz sua história. “Atração, desejo, tudo é muito importante, mas se a relação ficar limitada a isso certamente vai fracassar. E a atração também não está ligada necessariamente pela beleza física”.
Ela disse que em sua relação que já dura 14 anos, ela e o marido possuem a química das “coisas em comum”. “Além da atração física, claro, e isso tem sido muito importante no nosso relacionamento. Gostar de coisas parecidas, dos lugares, das músicas e até da filosofia de vida e linha política, hoje em dia isso tudo tem que ser colocado sim na balança. Beleza e tesão não seguram casamento pra sempre”.