Marcello Veríssimo
As ações pelo Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias trouxe novamente à tona um antigo problema nas praias do litoral brasileiro: a existência de lixo estrangeiro que chegam às praias.
De acordo com ativistas voluntários que atuam na campanha nas praias de São Paulo e da Bahia desde 2019 houve aumento de 300% neste tipo de lixo. Os dados foram entregues ao Ministério Público da Bahia e de São Paulo com um total de mais de 4,5 mil registros.
O lixo internacional, que geralmente é encontrado nas praias e costeiras, possuem material cancerígeno e corrosivo. A maior parte deste lixo é lançada ao mar por tripulantes dos navios estrangeiros que operam nos portos de São Sebastião e Santos.
A própria Petrobrás também admite estar preocupada com a quantidade de lixo de origem estrangeira encontrada nas praias do Litoral Norte de São Paulo. Para se ter uma ideia, o lixo que é proveniente dos navios que atracam no terminal vai parar longe em praias de Caraguatatuba e outras cidades.
De acordo com a ONG Ecologia em Movimento, durante coleta realizada entre os meses de setembro do ano passado e maio deste ano, foram recolhidos mais de 1.600 itens de origem estrangeira nas praias do litoral.
Esses materiais geralmente têm origem na China, Malásia, Estados Unidos, Turquia, entre outros países. O balanço mostra que 47% do lixo internacional recolhido nas praias paulistas é proveniente da China, 17% dos EUA, e outros 17% da Malásia.
Lixo Gringo – Segundo a Ecomov, entre os lixos estrangeiros recolhidos nas praias paulistas 55% eram embalagens alimentares; 30% de ração humana, e 14% produtos de higiene e limpeza.
Foram catalogados produtos utilizados em limpeza e manutenção de porões, selantes, colas e produtos com metabissulfito, material que é altamente cancerígeno e corrosivo.
O relatório do lixo internacional foi entregue ao Ministério Público do Estado de São Paulo que pretende pressionar as autoridades a intensificarem a fiscalização de limpeza de navios.
O que dizem os citados – A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do estado,
responsável pelo porto de São Sebastião, informou que a Norma Técnica 001/2011, regulamenta quais os procedimentos administrativos e operacionais para que essas atividades sejam executadas de forma segura.
A secretaria informou que a retirada, o transporte e a destinação desse lixo são realizadas por empresas especializadas, contratadas pelas agências marítimas responsáveis pelas embarcações e cadastradas no porto.
A Transpetro, responsável pelos navios da Petrobras, não comentou sobre quais providências irá tomar para melhorar o descarte de lixo em seus navios.