Marcello Veríssimo
Depois que veio a público a votação da proposta para aumentar o número de cadeiras para vereadores nas Câmaras da região, tanto a aprovação quanto o inverso causaram desconfiança para as reais intenções dos atuais parlamentares em votar a favor ou contra o novo contingente de edis a partir de 2025.
Ainda em fevereiro, a reportagem do JDL abordou o assunto com exclusividade. Na ocasião, nenhum dos parlamentares quis comentar o assunto.
Nesta terça-feira (17), durante a sessão nos respectivos plenários, os parlamentares de São Sebastião, em segunda votação, resolveram barrar a proposta e a cidade permanece com 12 vereadores. Já a Câmara de Ilhabela aprovou e a partir de 2025, terá 11 cadeiras.
As Câmaras de Caraguatatuba e Ubatuba ainda não votaram o aumento no número de parlamentares. Desde a divulgação do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o debate sobre a possibilidade de se aumentar a quantidade de vereadores nas câmaras de vereadores começou a ser articulada sob diversos aspectos, entre eles o de aumentar a representatividade da sociedade civil junto ao Poder Legislativo.
Isso quer dizer que, com mais habitantes, os eleitores teriam a possibilidade de escolher novos vereadores que são os que fiscalizam e cobram as ações do Poder Executivo. Mas, na prática, isso quer dizer que, com mais vereadores, também significa mais gastos e o descontentamento da opinião pública com a atuação daqueles que são considerados os “fiscais do povo”.
No caso de São Sebastião, por exemplo, somente este ano a Câmara se viu envolvida em diversas polêmicas, em diferentes setores. Na cidade, o salário de um vereador é de aproximadamente R$ 8 mil.
Valsa
O professor da rede pública municipal de São Sebastião, Hipólito Santana, disse que a política sebastianense não é do raciocínio. “Essa questão [do aumento no número de cadeiras] eles só não aprovaram, pois no município eles aprovam o vai da valsa, em troca de espaço no governo para aprovar os seus assuntos, na troca de favores”. “É um toma lá da cá, hoje na minha opinião não tenho um vereador que me represente”, disse o professor Hipólito Santana.
Políticos divergem
O pré-candidato a prefeito do PT (Partido dos Trabalhadores), Fernando Puga, disse que São Sebastião é uma cidade que é uma federação de bairros, portanto sob este prisma, na visão do pré-candidato, seria importante que cada bairro tivesse o seu vereador. “Entendo que quando se aumenta o número de vereadores, também se aumenta a representatividade, mas claro que isso está nas mãos do eleitor. Seria importante oferecer uma lógica para cada bairro ter o seu [vereador]”, disse Puga.
Já o vereador Wagner Teixeira (AVANTE), que atualmente ocupa uma das cadeiras no Plenário Zino Militão, votou contra nas duas votações. “Se pudesse baixar para 11, seria um número mais do que suficiente. A legislação fala que a cidade pode ter até 17, fui contrário até mesmo pelo gasto que isso vai gerar ao município”.
Junto com Wagner Teixeira, que votou contra, também votaram o presidente da mesa Marcos Fuly e o vereador André Pierobon.
Anteriormente favoráveis, os vereadores Diego Nabuco, José Reis e Daniel Soares mudaram o voto e foram contra na votação desta semana que acabou com o arquivamento do projeto.
Votaram favoráveis ao aumento do número cadeiras os vereadores Daniel Simões, Pixoxó, Maurício, Teimoso, Renato e Ercílio.
A reportagem do JDL procurou diversos políticos da cidade para comentar o assunto, mas não obteve resposta.
Fala o Povo
O JDL percorreu a região central e conversou com eleitores e moradores que circulavam pela cidade na manhã desta quinta-feira (19).
Em um ponto de ônibus, a moradora Eugênia de Souza, 48, disse que perdeu as esperanças nos políticos. “Os vereadores são fiscais deles mesmo. Não aprovaram mais, que bonito. Mas, na prática, vai ser melhor para quem?”, questiona.
Já G.S.M, 37, não quis se identificar, pois segundo ele fica longe da política. “Não dá, eles só pensam neles, só o dinheiro importa”.
A jovem Bruna Rodrigues, 18, disse que em 2024 ela vai votar para tentar fazer diferença. “Parece impossível, mas se a gente não fizer nada e não tentar lutar pela mudança, vai ficar cada vez pior”.
O autônomo José Martins, 42, disse que, para ele, mais ou menos os vereadores não fazem diferença, pois eles [os políticos], só procuram o eleitor às vésperas da eleição.