Marcello Veríssimo
Uma declaração do governador de São Paulo, Tarciso de Freitas (Republicanos) causou polêmica nesta segunda-feira (23) durante uma coletiva de imprensa sobre o atentado a uma escola de Sapopemba, na zona leste da capital paulista. O governador disse aos jornalistas que é preciso combater o bullying e a homofobia nas escolas do estado, mas admitiu que isso não é uma realidade. “Temos que combater o bullying, a gente tem que combater a homofobia, e depois de uma situação dessas você chega a conclusão que ainda não somos capazes”.
Na manhã desta segunda-feira um adolescente gay de 16 anos entrou armado na unidade de ensino e disparou contra os estudantes. Uma aluna de 17 morreu e outras duas estudantes ficaram feridas.
O advogado do adolescente, Antonio Edio, disse aos jornalistas que o jovem era alvo de homofobia constante dos outros alunos. O advogado disse que o rapaz não aguentando a situação resolveu pegar escondido uma arma que estava na casa do pai dele. “Sem a ciência do pai, voltou com a arma para a casa da mãe. Cedo foi para a escola e resolveu fazer isso”.
O governador Tarcísio de Freitas disse que uma das formas para combater a homofobia na escola é o investimento em acolhimento e atendimentos psicológicos destes adolescentes. De acordo com Freitas, no mês passado foram realizados 15 atendimentos com psicóloga. “Houve treinamento contra agressões na unidade escolar. A psicóloga atua na escola, participando efetivamente do cotidiano escolar”.
Reações
A comunidade LGBTQIAP+ reagiu às declarações do governador na internet. “LGBTfobia não é opinião, nem liberdade de expressão. LGBTfobia é crime inafiançável e imprescritível.Não aceitem LGBTfobia, nem disfarçada de manifestação política ou religiosa”, disse o internauta Rob Bruk.
Para os LGBTs, o melhor aliado da homofobia é a desinformação. “Denuncie quem dissemina desinformação, promove preconceito e discriminação. Denuncie quem discrimina, incentiva e induz à prática do crime de LGBTfobia. Denuncie perfis, postagens, comentários e condutas LGBTIfóbicas para todos canais, plataformas, para o Disque 100, e para o SaferNet (Lei 7716/89)”, disse Rob.
A ativista pelos direitos LGBTQIAP+ no Litoral Norte, Thífany Félix, disse que a homofobia internalizada do brasileiro continuará fazendo vítimas, pois trata-se de um problema cultural. Ela acredita também que só com informação correta a comunidade poderá continuar avançando na busca por igualdade. “Quem bate esquece, quem apanha não. Esse adolescente, que entrou armado na escola, é uma vítima do sistema”, acredita a ativista.