Marcello Veríssimo

Escatológico. Essa talvez seja a melhor maneira de definir a atitude do assediador de mulheres Welton da Silva Nunes Oliveira, 41, preso em flagrante na última sexta-feira (27) por importunação sexual. O caso ocorreu na linha da Pássaro Marrom que vinha da Baixada Santista até o Litoral Norte.

De acordo com a polícia, Oliveira assediou duas passageiras e se masturbou olhando para suas vítimas.

Uma das passageiras pegou o celular e conseguiu registrar o flagrante, que viralizou nas redes sociais.

As vítimas disseram à polícia que sofreram diversos tipos de importunação. Welton teria perseguido as duas dentro do ônibus, tentou tocá-las, ofereceu dinheiro e chegou a sentar ao lado delas, passou a mão na perna de uma delas, além de puxá-las pelos cabelos.

As duas registraram queixa na polícia. Na delegacia, ele não negou o crime e disse que foram as vítimas que estavam “dando mole” para ele. O criminoso disse ainda que colocou o pênis para fora, pois pensou que uma das vítimas iria até o banheiro do coletivo “fazer uma coisa para ele”.

Momentos de pavor – Uma das vítimas de Oliveira é Pauleteh Araújo, 28, moradora da costa sul de São Sebastião. Ela disse aos jornalistas que antes de consumar o ato obsceno, ele insistiu em oferecer dinheiro para que deixasse tocá-la.

O pavor começou logo que Araújo embarcou no ônibus. Ela conta que ao sentar na poltrona o assediador tentou sentar ao seu lado. “E eu evitando. Depois que percebi que era um assédio. Ele mexia nas partes íntimas, tirou R$ 100 da carteira e me ofereceu, falando que ‘nunca foi tão fácil’ conseguir o dinheiro”.

Pauleteh, que é bastante conhecida por sua atuação política na região e tem mais de 41 mil seguidores no Instagram, disse ainda que o criminoso e quando descobriu outras vítimas, incluindo uma criança, decidiram pedir ajuda para o motorista.

Violência Sexual – Araújo disse aos jornalistas que nunca passou por uma violência como essa e se viu impotente, ao mesmo tempo que precisava tomar uma atitude para Oliveira não sair impune. “Já passei por diversos tipos de abuso, mas não nesse grau, muito explícito, muita violência. Estou me sentindo extremamente violada, violentada, impotente, de ver um cara fazendo isso dentro de um ônibus lotado, sem pudor nenhum”, disse ela.

Para ela, o que fica é uma “sensação de impotência e de ódio”. De acordo com Pauleteh, o homem só ficou preso em flagrante, pois tinha o vídeo como prova.

Corajosa e atuante, Pauleteh disse que expor a situação é importante para encorajar outras mulheres a denunciar e não se calarem. “Isso é crime, é absurdo, não pode se repetir. Precisamos lutar juntas”.

O crime foi registrado na Delegacia Sede de Bertioga. A empresa Pássaro Marron – Litorânea divulgou nota em que lamentou o ocorrido e prestou auxílio para os passageiros seguirem viagem.