Marcello Veríssimo
A Polícia Militar de São Paulo matou 106 pessoas entre julho e setembro deste ano. As mortes causadas por policiais militares paulistas em serviço cresceram 86% em comparação com o mesmo período do ano passado. No ano passado foram 57 registros.
A constatação é da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), que divulgou na semana passada o balanço das estatísticas criminais do terceiro trimestre deste ano.
De acordo com a SSP, as estatísticas correspondem aos meses em que a Operação Escudo foi deflagrada na Baixada Santista e no Litoral Norte. Na operação, que foi alvo de muitas críticas, 28 civis foram mortos.
A “Escudo” foi uma resposta da polícia a morte de um policial da Ronda (Ronda Ostensiva Tobias Aguiar) em julho deste ano.
Para os especialistas, esse aumento no número de mortes também se deve à diminuição de investimentos no Programa Olho Vivo, que prevê a instalação de câmeras corporais nos uniformes dos policiais, que começou em 2020 ajudando a reduzir a letalidade policial nos últimos anos.
A ONG Sou da Paz informou que a Operação Escudo impulsionou o aumento das mortes decorrentes de intervenção policial no período, mas, mesmo após o seu encerramento, a letalidade policial seguiu aumentando. De acordo com a Sou da Paz, nos últimos anos a implementação bem-sucedida do uso de câmeras corporais pelos policiais por meio do Programa Olho Vivo diminuíram os homicídios causados pela PM em serviço.
Recentemente, as declarações recentes do secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite sobre a não continuidade de compras de câmeras devem ser observadas com preocupação, destaca a ONG.
A SSP divulgou nota em que nega que tenha deixado de investir no programa de câmeras corporais. “A SSP reforça que o programa de câmeras corporais segue em operação na PM, com 10.125 em funcionamento em todos os batalhões da capital e região metropolitana de São Paulo, assim como em algumas unidades de Santos, Guarujá, Campinas, Sumaré e São José dos Campos”, diz a pasta. O órgão informou ainda que tem feito estudos para expandir o programa para outras regiões do estado.
A reportagem do JDL tentou contato com o comando das forças de segurança pública na região, mas não obteve resposta.