Marcello Veríssimo
Caraguatatuba voltou a ficar em evidência nas páginas policiais nesta quarta-feira (3). Desta vez, uma família de Suzano, na Grande São Paulo, acusa um buffet da cidade de estelionato, ou seja, aplicar o velho golpe de oferecer um serviço e sumir com o dinheiro investido para uma festa de casamento, que era o sonho da família da empresária Kely Rosy Soares.
Ela queria casar o filho, mas o sonho terminou em tragédia. De acordo com a mãe, David Franklin Soares Teixeira de Freitas, o noivo precisou de atendimento médico após a descoberta do golpe. “Ele sofreu um pico de estresse, ficou com febre de quase 40°. Corremos com ele para a UPA de Massaguaçu”, desabafou a empresária ao jornal O Vale.
A mãe disse que trata-se de um sonho que foi destruído pela ganância. “Só descobrimos quando estávamos descendo para Caraguatatuba”, disse ela.
Pandemia
A reportagem do jornal O Vale mostra que o sonho que virou pesadelo começou pouco antes da pandemia. “Nós contratamos antes da pandemia fizemos adendo no contrato, e depois, neste ano eu contratei para fazer outro almoço para a família”, disse a empresária.
O buffet contratado para a festa é o Mamma Gorda Buffet, de propriedade de Patrícia Helena Marton, em Caraguá. A empresa seria responsável por toda a parte de comida, doces, serviço de garçons, mesas, cadeiras, parte da decoração, a contratação de empresas terceirizadas com serviços de entretenimento, entre outros, mas não entregou o que prometeu. “No dia do casamento eu tive que pagar R$ 2,5 mil para a mesma empresa, porque ela não pagou”, disse a mãe.
A noiva, chamada Vanessa, disse que, ao todo, o gasto foi em torno de R$ 14 mil com o buffet. Além do buffet no dia do casamento, marcado para o dia 30 de março, o Mamma Gorda seria responsável também pela parte de alimentação de cerca de 100 pessoas, familiares dos noivos.
De acordo com a família, os acordos seriam para um almoço na sexta, um café da manhã e almoço no sábado, o buffet da noite de sábado durante o casamento, e um almoço do domingo, (31).
Preocupação
Quando estavam a caminho de Caraguatatuba, no dia 28 de março, a empresária contou que mandou mensagens para Patrícia, preocupada como se já estivesse prevendo que havia alguma coisa errada.
A dona do buffet respondeu que estava “tudo certo”. “Nada vai dar errado. Quem tá colocando minhoca na sua cabeça? Fica assim não”, escreveu Patrícia às 19h20. Essas foram as últimas mensagens de contato entre as duas.
A descoberta que quase colocou fim a festa de casamento começou na sexta-feira (29) quando centenas de convidados seguiam para Caraguá. As famílias dos noivos, vindos de diversos estados, como Paraná e Minas Gerais, chegaram e ficaram hospedados em pousadas já contratadas.
Corre-corre
Começava ali um corre-corre para organizar tudo sem o buffet Mamma Gorda. A mãe do noivo disse que, com a ajuda da família, teve que contratar outras pessoas e ir ao supermercado comprar os produtos novamente para montar o cerimonial da festa. “Tive menos de 24 horas para colocar o casamento no lugar”, desabafou a mãe.
Ela disse ainda que contratou outro buffet de última hora e teve um gasto superior a R$ 30 mil com compras no supermercado e os novos contratos. “O meu rosto estourou de feridas. Parece que eu estou com herpes, tamanho o estresse que sofri. Estou arrasada”, disse.
A família vai registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil, em Suzano.
A reportagem não conseguiu contato com o buffet Mamma Gorda, em nenhum telefone divulgado nos canais da empresa. Com a repercussão do caso, outras supostas vítimas da mesma empresa também se manifestaram pelas redes sociais.
Repercussão
Com repercussão nas redes sociais, o caso envolvendo o buffet Mamma Gorda gerou curiosidade, em Caraguatatuba. Pessoas ligadas a eventos e buffets fizeram publicações alertando sobre os riscos de se contratar empresas desconhecidas. “Meus sinceros sentimentos aos noivos que tem contrato fechado e estão desesperados neste momento. O que puder fazer para ajudar, contem comigo”, escreveu Sérgio Rocha Buffet.
No Facebook, outras supostas vítimas se manifestaram. “Fugiu da cidade aplicando golpe em mais de 40 casais, que confiaram e pagaram pelos serviços de buffet. Inclusive, eu e minha noiva, ficamos na mão faltando cinco meses para o nosso casamento, levando com ela nosso dinheiro. Mas, já estamos tomando as devidas providências”, escreveu João Paulo.
Também contratei o serviço dela, e paguei a vista. Meu casamento será daqui uns meses. Estou arrasada” escreveu Júlia Matsumura.
“Não existe palavras para descrever o sentimento e tudo que passamos”, disse Vanessa, a noiva do último sábado.