Marcello Veríssimo

Os vereadores devem ler na sessão da Câmara de São Sebastião, nesta terça-feira (16), a denúncia da ex-assessora do vereador Diego Nabuco (PSDB), acusado de assédio sexual. O caso veio a público na semana passada e ganhou repercussão imediata nas redes sociais e em grupos no WhatsApp.

A Câmara evita comentar o assunto. De acordo com uma nota, encaminhada à reportagem do JDL, disse apenas que a denúncia contra o parlamentar foi protocolada na última sexta-feira (12) e que depois da leitura em plenário será encaminhada para a Comissão de Ética do Legislativo.

De acordo com a nota, a comissão tem uma prazo de até 90 dias para emitir um parecer acatando ou não o pedido de cassação de Nabuco, que não é a primeira que vê seu nome envolvido em um escândalo durante seu mandato. “Se o parecer for contrário, o processo é arquivado. Caso seja a favor do pedido, a matéria é remetida ao plenário que decide se acata ou não o pedido de cassação”, diz a nota. São necessários 8 votos a favor, ou seja, ⅔ dos parlamentares para Nabuco perder o mandato.

Polêmica

O caso de assédio em que o vereador é suspeito caiu como uma bomba nos bastidores políticos da cidade. Desde a sexta-feira da semana passada não faltam memes e comentários sobre a conduta inadequada do vereador, que apenas emitiu uma nota pública como justificativa.

A ex-assessora parlamentar Tereza Feitosa após ter sido convidada para participar de um menage à trois, ou seja, sexo a três denunciou o caso e registrou boletim de ocorrência. Ela disse que, frequentemente, o vereador usa seu gabinete como motel e que isso aconteceria desde o início do mandato há três anos.

Tereza disse aos jornalistas que Nabuco costumava levar mulheres para o gabinete sem se preocupar com as pessoas do lado de fora.

As relações sexuais, segundo a ex-assessora parlamentar, aconteciam em troca de emprego e outros favores do poder público.

De acordo com Tereza, a mulher com quem o vereador teria sido flagrado deixou o gabinete usando uniforme da empresa Milclean, que é terceirizada da Prefeitura para realizar serviços de limpeza.

Menage

Tereza disse que no dia em que tudo aconteceu ela atendeu duas pessoas no gabinete, antes de ser chamada a entrar na sala do vereador.

Ela disse que ao ver a mulher nua e o vereador “meio despido”, fechou a porta e voltou ao seu posto na recepção. Mas Nabuco não teria desistido e enviou mais duas mensagens insistindo para a ex-assessora participar da festinha.

Em uma das mensagens, Nabuco disse que ela devia ter ficado e, mesmo sem participar, poderia ser voyeur e “apenas ver”.

Importunação

A ex-assessora disse que se sentiu importunada com o episódio e pediu sua exoneração no dia seguinte.

Deus

Nabuco é conhecido por ser um vereador temente a Deus. Após o episódio, ele disse que teve o celular hackeado e que já tomou as providências cabíveis diante das acusações caluniosas a ele imputadas. “Estamos a cinco meses da eleição e pessoas que estão sendo usadas e outras coisas que serão investigadas para tentar denegrir a nossa imagem”, disse ele. “Mas Deus é maior e iremos provar que não devemos nada”.

Nabuco disse que deve retornar ao trabalho “como sempre fez” nesta quarta-feira (17).

O JDL tentou falar com o vereador Diego Nabuco na manhã desta segunda-feira (15), mas ele não foi encontrado para comentar o assunto.

OAB

A 136 Subsecção da OAB, em São Sebastião, divulgou uma nota em que repudia veemente as denúncias de assédio sexual na Câmara de São Sebastião. “É inaceitável que incidentes dessa natureza ocorram em um ambiente institucional, onde se espera observância dos direitos humanos e respeito à dignidade das pessoas”.

O assédio sexual constitui uma transgressão grave e intolerável. De acordo com a OAB, a denúncia requer uma investigação rigorosa por parte das autoridades competentes, uma vez que nenhum abuso desse tipo deve ser tolerado. “As autoridades competentes devem conduzir a investigação de maneira imparcial e expedita para prevenir e combater o assédio em todas as esferas da sociedade”.

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