Para Fernando Puga, eleições de outubro podem colocar fim a “era da política do caos” em São Sebastião

1

Marcello Veríssimo

“A era da Política do Caos”. Assim, o empresário Fernando Puga, que é pré-candidato a prefeito de São Sebastião pelo Partido dos Trabalhadores – PT, avalia os últimos 16 anos em que a cidade foi governada por dois grupos políticos distintos, encabeçados pelo ex-prefeito Ernane Primazzi, que antecedeu o prefeito Felipe Augusto, atualmente no poder.

Em outubro, os eleitores de São Sebastião poderão eleger novos vereadores e prefeito. Seguindo com a série especial de entrevistas com os pré-candidatos, Puga recebeu a reportagem do JDL em seu escritório no bairro Varadouro, na tarde desta quarta-feira (24). A entrevista faz parte de uma série que o JDL vem realizando com os pré-candidatos a prefeito divulgados por seus partidos, visando as eleições de outubro próximo.

Considerado um dos políticos mais alinhados com a população de menor renda e maior vulnerabilidade social, Fernando Puga falou sobre temas pertinentes ao atual cenário político em São Sebastião, e expôs sua vocação para lutar pelo social.

“Foram oito anos de perfumaria. Na saúde, por exemplo, a gente vê a reforma dos prédios, que estão bonitinhos, mas e quanto ao serviço? Ampliou realmente o que é oferecido pela cidade”, afirma o pré-candidato do PT.

Na avaliação de Puga, se houve avanço foi quase nenhum. “O hospital continua o mesmo da década de 80, construiu o hospital de Boiçucanga, mas não é hospital”, disse ele, que já entrou algumas vezes no local.

De acordo com Puga, são as pequenas histórias que fazem a população entender a gestão que a cidade passou. Ele acompanhou algumas famílias sobreviventes da tempestade do ano passado. “Fui visitar uma paciente no hospital de Boiçucanga, e não é quarto, é como se fosse um Pronto Atendimento igual do centro. Quando estive lá, só tinha ela de paciente e estavam tentando transferi-la para cá [no centro] que tinha o médico que ela precisava e lá em Boiçucanga não”.

Mas, ainda segundo Fernando Puga, no centro não tinha vaga. “Quantas falências identificadas em uma prefeitura municipal milionária. Temos a falência na habitação, na saúde, educação, na assistência social”, disse Puga, que contou à reportagem que assim como essa paciente que ele visitou existem outras centenas.

“Para ser chamado de hospital, no mínimo precisa ter um anestesista 24 horas. Hospital significa ter ao menos o serviço de base, a maternidade precisa ter pediatra e não tem”, apontou.

De acordo com Puga, essas “melhoras” não reverberam na qualidade de vida da população, principalmente da costa sul da cidade, que também sofre com o desemprego. “Fizemos uma reunião no último sábado em que uma moradora disse que a Costa Sul está um caos, e de fato é o retrato do caos, da depressão, da fome, da falta de esperança”.

 

Nota 1

Fernando Puga considera os oito anos da atual gestão como nota 1. Ele disse que “alguma coisa” a gestão deveria ter acertado. “Quando vemos a vida da população, percebemos que não”, disse o pré-candidato fazendo referência ao novo transporte público local, que está com preço reduzido, mas ainda deixa a desejar em qualidade. “A população que precisa ainda fica horas esperando por um ônibus.
Marketing da saúde e educação

Para o pré-candidato do PT, a atual gestão soube usar e abusar do marketing. “Constrói um hospital, tira a foto e se tem um hospital”.

Na educação, Puga destaca o tratamento destinado aos alunos autistas. “Uma criança de um ano e meio, dependendo do tratamento que ela possui, vive melhor. Mas não cerca de 40 horas de terapia, não uma visita a fono uma vez por semana”, disse o pré-candidato, que também citou os alunos do ensino fundamental 2, do sexto ao nono ano, que têm aulas de tecnologia em uma sala sem os recursos necessários.

“Não tem o básico e o professor tem que dar aulas de tecnologia usando giz. Então, são marketings que não se amparam”, avaliou.

Royalties

De acordo com Puga, o orçamento da cidade, somados ao montante de R$1 bi recém recebidos dos royalties do Petróleo, não condizem com a realidade da cidade.

“Quando eu dou nota um é em comparação com outras cidades como Maricá (RJ), por exemplo, que tem uma renda per capita de royalties mais ou menos como a nossa”.

Por conta disso, na visão de Puga, a cidade carioca sai na frente com relação a organização e gestão dos recursos, o que na sua opinião, falta em São Sebastião.

“Conversei com o Prefeito Fabiano Horta e a realidade da utilização dos royalties é muito diferente. Lá existe um Fundo Soberano que garante os próximos 50 anos de investimento e equilíbrio fiscal. Aqui temos um rombo bilionário no FAPS, e o prefeito faz de conta que não existe”, concluiu.

Compartilhe nas Redes Sociais

Outras Notícias