Segundo o ICMBio, houve aumento da fauna na região dada a conservação em Alcatrazes, unidade que abriga hoje o maior ninhal de fragatas e atobás da costa Sul/Sudeste brasileira, e a segunda maior biomassa de peixes da costa do Brasil
O turismo de natureza em São Sebastião, que já segue de vento em popa, promete crescer ainda mais nos próximos meses. É que segundo avaliação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) houve aumento considerável da fauna na região dadas as ações de preservação no Arquipélago de Alcatrazes, o que vem elevando a cidade como referência para o turismo brasileiro de avistamento cetáceos e pássaros.
Também conhecido como Refúgio de Alcatrazes, a área de quase 70 mil hectares no litoral norte de São Paulo, em São Sebastião, foi transformada em Unidade de Conservação Federal (UC) há alguns anos, o que coibiu, entre outras questões, a pesca ilegal. Hoje, o local abriga mais de 1,3 mil espécies entre fauna e flora, 100 delas ameaçadas de extinção.
Chefe do Núcleo de Gestão Integrada ICMBio Alcatrazes, Thais Farias Rodrigues afirma que houve crescimento ainda maior de animais na região e acena um cenário positivo ao turismo.
“Além da frequência maior das baleias jubartes, temos observado um aumento expressivo na quantidade de peixes, o que oportunizou também o aumento da presença de cardumes de tubarões em Alcatrazes. Dentre as espécies mais registradas estão o tubarão-martelo, tubarão-seda, tubarão-mangona e o cação-frango. E, ao contrário do que muitos podem pensar, a presença destes animais é um importante indicador de conservação e equilíbrio, sendo positiva e desejável, inclusive do ponto de vista do turismo, porque estas espécies não possuem comportamento agressivo, podendo ocorrer mergulho e outras atividades de forma tranquila”, ressalta a chefe no ICMBio, acrescentando que foram contabilizados até 100 tubarões no cardume mais recente encontrado nos últimos dias pela equipe no local.
O ICMBio confirma também que as águas de Alcatrazes abrigam ainda a segunda maior biomassa de peixes da Costa brasileira, perdendo apenas para uma unidade de conservação no Rio Grande do Norte. Ao todo, são 322 espécies de peixes, 47 delas em extinção.
Atualmente, a atividade de visita pública ao Refúgio de Alcatrazes é permitida de forma embarcada.
Recorde
São Sebastião tem incentivado pesquisas e a fotoidentificação de seus cetáceos, tendo já registrado 570 jubartes, 72 baleias-de-brydes, 12 baleias-francas, 47 orcas e centenas de golfinhos.
Em 24 de junho, inclusive, o Projeto Baleia à Vista utilizou as redes sociais (@projetobaleiaavista) para anunciar o avistamento recorde em um único dia de até 70 jubartes e centenas de golfinhos, entre São Sebastião e Ilha Bela. “Nos 20 anos que navegamos pela região nunca havíamos registrado essa quantidade de animais”, ressalta Júlio Cardoso, coordenador do projeto.
Secretária de Turismo de São Sebastião, Adriana Augusto Balbo atribui os resultados positivos ao crescimento do turismo sustentável, que tem destacado o município no cenário nacional.
“No final do ano passado, ganhamos o Prêmio Braztoa pela implementação bem-sucedida do turismo de observação de baleias que preza pela preservação ambiental. E, curiosamente, no mesmo ano, terminamos a temporada com o recorde de 740 avistamentos de baleias no Canal de São Sebastião. Isso tudo reforça o quanto a sustentabilidade é importante e que estamos no caminho certo. Hoje, todas as atividades turísticas que desenvolvemos visam a preservação da fauna e flora”, ressalta Adriana Augusto Balbo.
Pássaros
São Sebastião, que tem 70% de sua área protegida pela Unidade de Conservação do Parque Estadual da Serra, com 26,2 mil hectares de Mata Atlântica, possui também uma grande diversidade de aves, com registro de 320 espécies das mais diferentes formas e cores. Somente no Arquipélago de Alcatrazes, onde o maior ninhal de fragatas e atobás do Atlântico Sul se tornou referência turística, foram elencadas 100 diferentes espécies de aves, entre visitantes e residentes.
“Notamos que houve aumento recente no número de aves marinhas em São Sebastião e na região dada a conservação. Para se ter ideia, Alcatrazes abriga o maior ninhal de fragatas e atobás da costa Sul/Sudeste brasileira, com mais de 10 mil aves”, ressalta Thais sobre a revoada desses animais e que pode ser avistada nos passeios embarcados.
As fragatas são fáceis de identificar pela exuberância dos machos. Com penas pretas, eles possuem um enfeite vermelho sob o bico, chamado bolsa gular, que incha para atrair a fêmea na época da reprodução entre setembro e outubro. Com o bico curvo, as fragatas costumam se alimentar de peixes que ficam na superfície da água, como a sardinha. Já os atobás são cor de café e possuem filhotes inteiramente branco. Também conhecidos como mergulhões do mar, os atobás vão mais fundo para se alimentarem, gerando um verdadeiro espetáculo a quem assiste.
Além dessas espécies, os turistas que realizam avistamento de pássaros em São Sebastião encontram aves raras como o gaturamo-verdadeiro, saí-azul, savacu, juruvá, tangará, tesourinha, guaxe, e várias espécies de anús, sabiás, gaviões, pica-paus, andorinhas, entre outras.
Visitação
A visitação pública ao Refúgio de Alcatrazes só pode ser realizada através de empresas e condutores autorizados pelo ICMBio. Todas elas podem ser contatadas por meio do Centro de Informações Turísticas (CIT) Sebastião e pelo Espaço Vida Marinha, ambos localizados na Rua da Praia, em São Sebastião, e a poucos metros de distância um do outro. As unidades funcionam em horário comercial e podem ser contatadas pelo telefone (12) 3892-2206 ou pelo e-mail cit.setur@saosebastiao.sp.gov.
É nesses dois locais também que o turista encontra informações sobre os passeios de avistamento de baleias, que teve a temporada de 2024 aberta oficialmente nos últimos dias. O passeio com o selo do avistamento responsável dura em média 7h horas e custa cerca de R$ 350,00 por pessoa.
Informações sobre empresas que oferecem o recém-implantado birdwatching ou avistamento de pássaros, que é realizado por meio de passeios no mar ou por trilhas guiadas por terra, também podem ser encontrados no CIT de São Sebastião, ou
pelo site www.turismosaosebastiao.com.