A Câmara Municipal de São Sebastião recebeu, nesta quarta-feira (26), no Plenário Zino Militão dos Santos, a secretária de Saúde, Laysa Pires, e sua equipe para a prestação de contas do terceiro quadrimestre de 2024.

O balanço financeiro e operacional da pasta detalhou os investimentos realizados, os desafios enfrentados e os projetos em andamento para aprimorar o atendimento à população. Durante a sessão, os vereadores destacaram a importância da fiscalização e cobraram soluções para reduzir o absenteísmo, ampliar as especialidades e melhorar o transporte sanitário.

Reclamações superam elogios na ouvidoria

Um dos pontos mais debatidos foi a quantidade de reclamações registradas na ouvidoria da Saúde. O vereador João Paulo Teixeira chamou atenção para a diferença expressiva entre elogios e queixas recebidas pela pasta.

“A proporção de reclamações chega a ser sete vezes maior do que os elogios. O que mais pesa nesses registros?”, questionou.

A equipe técnica explicou que a maior parte das manifestações envolve dificuldades no agendamento de consultas, transporte sanitário e fornecimento de medicamentos que não fazem parte da padronização municipal. A secretária de Saúde reforçou que todas as queixas são respondidas e utilizadas no planejamento das ações da pasta. “Temos muito para melhorar e buscamos isso diariamente”, destacou.

Reabilitação infantil enfrenta alta demanda

A demora no atendimento da reabilitação também gerou preocupação entre os parlamentares. O vereador Professor Alex Damasceno relatou que famílias reclamam do longo tempo de espera e da alta rotatividade dos pacientes.

“Muitas mães me dizem que, quando finalmente conseguem a consulta, as crianças são rapidamente dispensadas”, afirmou.

A secretária explicou que os atendimentos da reabilitação exigem acompanhamento contínuo, com múltiplas sessões, o que reduz a disponibilidade de vagas para novos pacientes. Como solução, anunciou a criação de dois Centros do Autista, um na Costa Sul e outro na Costa Norte, para ampliar o atendimento e desafogar a rede atual.

Motolância do SAMU pode reforçar resgates

Outro ponto abordado foi a viabilidade da implantação do serviço de motolância pelo SAMU, levantada pelo vereador João Paulo.

“É um serviço que pode salvar vidas, considerando as condições do município”, argumentou.

A secretária confirmou que a proposta já está no planejamento da pasta e que a habilitação junto ao Ministério da Saúde será solicitada. Segundo ela, o serviço pode agilizar atendimentos de urgência em locais de difícil acesso, reduzindo o tempo de espera para os primeiros socorros.

Falta de médicos ainda preocupa

A contratação de médicos especialistas também entrou em pauta. O vereador Daniel Soares perguntou se o município ainda enfrenta dificuldades para atrair profissionais.

“A gente sempre ouve que o salário não é atrativo e que os médicos não querem vir para cá. Isso ainda acontece?”, questionou.

O diretor da Fundação de Saúde, Carlos Craveiro, explicou que a situação melhorou, especialmente na atenção básica, onde os salários são competitivos em relação ao restante do Litoral Norte. No entanto, algumas áreas, como terapia ocupacional e psicologia, ainda apresentam baixa adesão nos concursos públicos.

“A gente abre o chamamento, mas muitos profissionais acabam desistindo ou não assumindo os cargos”, completou a secretária. Para mitigar o problema, a pasta pretende abrir novas chamadas do concurso vigente e contratar médicos via pessoa jurídica.

Ampliação de serviços e projetos futuros

Além das demandas já citadas, a audiência trouxe atualizações sobre a ampliação de serviços. A secretária confirmou a criação de um Centro de Hemodiálise Municipal e a chegada de novos especialistas. Também foram discutidas melhorias no atendimento domiciliar, com a possível implantação do programa “Melhor em Casa”, e a necessidade de expandir a rede de atendimento na Costa Sul, especialmente em Camburi e na Vila Sahy.

Ao final da audiência, os vereadores reforçaram a importância do diálogo e do planejamento estratégico para aprimorar o atendimento à população.

“Nosso papel é fiscalizar e buscar soluções. A saúde é um serviço essencial e precisa ser tratada com prioridade absoluta”, concluiu o presidente da Câmara, Edgar Celestino.