Henrique Martins
O número de praias impróprias para banho no Litoral Norte de São Paulo teve um aumento expressivo nas últimas semanas. De acordo com o último relatório da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), divulgado em 6 de abril, 28 das 98 praias monitoradas foram classificadas como impróprias. No levantamento anterior, citado em reportagem do Jornal do Litoral de 21 de março, apenas quatro apresentavam essa condição.
São Sebastião teve um aumento considerável que passou de zero para seis praias impróprias no intervalo entre os relatórios de 16 de março e 6 de abril. Agora, as praia improprias são: Arrastão, Pontal da Cruz, Praia Deserta, Porto Grande, Camburi e Barra do Sahy.
Em Ilhabela, o cenário também piorou: antes sem nenhuma praia imprópria, o município agora registra quatro nessa condição: Itaquanduba, Itaguaçu, Portinho e Veloso.
Caraguatatuba também teve salto significativo, aumentando de uma para sete praias impróprias. Entraram na lista: Tabatinga – Rio Tabatinga, Tabatinga – Condomínio Gaivotas, Lagoa Azul, Prainha, Indaiá, Palmeiras e Porto Novo.
Ubatuba continua liderando o número de praias contaminadas. O município passou de três para onze áreas impróprias para banho: Picinguaba, Lagoa do Prumirim, Itamambuca, Rio Itamambuca, Perequê-Açu, Iperoig, Itaguá, Perequê-Mirim, Lázaro e Praia Dura.
O especialista em ecossistemas litorâneos e mestre em Direito Ambiental, Eduardo Hipólito do Rego, atribui à Sabesp, empresa responsável pelo saneamento na região, a responsabilidade pelo número de praias impróprias para banho.
“O que está claro é que a presença de esgoto em áreas de praia está diretamente relacionada ao lançamento de esgoto in natura, especialmente em regiões onde não há cobertura adequada de rede coletora. No entanto, os próprios indicadores mostram que muitas dessas praias e bairros considerados impróprios hoje estão oficialmente cobertos por rede de esgoto. Então, como explicar uma situação dessas, em que há cobertura, mas os indicadores seguem ruins?
O que concluímos disso? A empresa de saneamento, que é quem deveria garantir a distribuição de água e a coleta de esgoto, é ineficiente. Era ineficiente antes da privatização, continua sendo agora, e vai continuar assim, porque não tem nenhum investimento previsto para esses bairros. O que a gente tem hoje é o que vai continuar tendo. E, se nada mudar, esses indicadores vão continuar iguais ou até piorar.
A verdade é que não existe previsão de investimento para melhorar o sistema de tratamento de esgoto na nossa região. E sem investimento, não tem como melhorar, só tende a piorar. O quadro é ruim, e eu atribuo isso totalmente à Sabesp.
Claro que tem gente que faz ligação clandestina, e isso é um problema. Mesmo assim, a responsabilidade de fiscalizar é da empresa de saneamento. É ela que tem que identificar onde estão os lançamentos irregulares. A prefeitura também tem sua parte, pode e deve fiscalizar e autuar quem está fazendo essas ligações ilegais. Mas enquanto ninguém age, quem paga o preço somos nós e o meio ambiente.” Explica.
A piora na qualidade das praias do Litoral Norte acende um alerta sobre os desafios do saneamento básico na região. Embora fatores como as chuvas e as ligações irregulares contribuam para o problema, é fundamental que a Sabesp e as prefeituras promovam melhorias estruturais no sistema, com investimento, fiscalização e planejamento, para garantir um litoral mais limpo e seguro para todos.
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