Henrique Martins

Moradores do Bairro Golfinho, em Caraguatatuba, enfrentam transtornos causados por alagamentos recorrentes nas ruas Ararás e Avenida Gaspar de Souza, agravados pelo acúmulo de lixo, mato e o possível entupimento de galerias de escoamento. A entrada e saída do bairro ficam obstruídas, dificultando a locomoção dos moradores, especialmente em trechos onde não há rotas alternativas. Segundo moradores, a situação se torna ainda mais perigosa com o descarte irregular de óleo de cozinha por um comércio local, que, com a chuva, se espalha pelas ruas e aumenta o risco de quedas. Com as chuvas nesta segunda-feira (28), o cenário se repetiu, gerando revolta entre os moradores.

Pelas redes sociais, o morador do bairro Golfinho, Rael Gomes, expressou indignação com a situação e apontou descaso da gestão pública. Suas publicações, feitas tanto em seu perfil pessoal quanto em grupos da cidade, já somam quase 100 comentários, muitos deles de outros munícipes que também demonstram insatisfação com o problema.

Rael relatou ao Jornal do Litoral que, até o momento, todas as tentativas de obter assistência dos órgãos públicos foram infrutíferas. “Já solicitamos ajuda ao poder público municipal, já solicitei no 156 o pedido de limpeza da galeria de escoamento, fotografei, filmei e até hoje nenhuma autoridade pública se prontificou a solucionar nosso problema que já não é de hoje.”

Ele também relata que precisa colocar o carro em risco sempre que a rua está alagada e precisa sair ou voltar para casa. “A rua onde eu moro é sem saída, então sou obrigado a passar pelo alagamento. Tive que arriscar passar com o carro na parte alagada, colocando o motor em risco e podendo perder a placa.”

Os alagamentos frequentes também impactam diretamente o comércio local. Nesta segunda-feira (28), por exemplo, uma hamburgueria da Rua Arará não conseguiu receber clientes por conta da água acumulada na via e precisou funcionar apenas com entregas. Mesmo assim, os motoboys tiveram que se arriscar atravessando o trecho alagado com suas motos.

A hamburgueria pertence a Peterson Barreto, que conta que nem sempre é preciso uma chuva forte para a rua ficar tomada pela água. Segundo ele, comerciantes e moradores enfrentam os mesmos transtornos toda vez que chove.

“Gravei um stories, marquei o prefeito, marquei outras pessoas, justamente para tentar chamar a atenção do poder público. A situação é complicada”, afirma.

Ele explica que os clientes não conseguem estacionar perto da sua hamburgueria, já que a água chega a um nível alto. A situação também oferece risco aos entregadores: “Os motoboys precisam parar no meio da água, sem enxergar a rua. É muito perigoso (…) nenhum cliente vai se arriscar desse jeito.”

Mesmo após a chuva parar, a água demora horas para escoar. Peterson conta que, em um dos casos, choveu entre seis e sete da noite e a rua só secou completamente na tarde do dia seguinte.

Ele relata, que houve dias que nem o delivery, nem o atendimento no local funcionaram. Os motoboys não conseguiam chegar para retirar os pedidos, e os clientes também não tinham como acessar a hamburgueria por conta do alagamento.

Ele cita como exemplo um período de chuvas em dezembro de 2024, época importante para o faturamento de comércios na região, devido ao aumento da demanda pela chegada de turistas. “No final do ano passado, nos dias próximos ao Natal e ao Réveillon, a hamburgueria precisou permanecer fechada por causa dos alagamentos, justamente nas datas em que o movimento é maior”, conta.

Sem retorno da gestão pública, a situação no Bairro Golfinho permanece preocupante, com alagamentos constantes que afetam tanto os moradores quanto os comércios locais. O acúmulo de água, mesmo quando não há chuvas expressivas, continua gerando transtornos para a comunidade, que continua na espera de uma solução eficaz.