Operação conjunta prendeu quatro suspeitos após flagrar aulas inexistentes e inserção de dados falsos no sistema
Henrique Martins
Uma operação conjunta entre o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) e as Polícias Civil e Militar revelou nesta quinta-feira (17) um esquema de fraude envolvendo uma autoescola em Caraguatatuba. A ação resultou na prisão em flagrante de quatro pessoas: o casal proprietário da Autoescola Indaiá, um instrutor e um aluno matriculado no local.
A equipe de fiscalização do Detran-SP estava realizando vigilância em frente à autoescola desde o início da manhã quanto flagrou um aluno deixando a autoescola no momento em que deveria estar fazendo sua aula prática de direção. No sistema do Detran, a aula constava como iniciada e em curso.
O aluno e o instrutor deixaram a autoescola a pé, em direções diferentes, logo após o registro digital de presença no sistema.
O centro de formação já estava sob investigação porque vinha deixando de enviar para os exames práticos um dos dois carros registrados pela empresa no sistema, justamente o veículo da ocorrência. Questionado, o instrutor afirmou desconhecer o paradeiro do automóvel.
Além disso, o proprietário foi flagrado deixando uma aula teórica, enquanto os alunos assistiam vídeos, contrariando as normas do Detran-SP que exigem presença física do instrutor.
Detidos em flagrante, o aluno, seu instrutor, a diretora de ensino e o dono da autoescola, foram levados ao Distrito Policial para o registro da ocorrência e podem responder pelo crime de peculato digital, que é a inserção de dados falsos em um sistema de informações público, com pena de dois a doze anos de reclusão, além de multa. Houve apreensão de celulares, computadores e de outro veículo do CFC.
Depoimentos e áudios obtidos pela polícia indicam que o casal oferecia aprovação nos exames de habilitação mediante pagamento de propina. O dono da autoescola teria, inclusive, realizado pessoalmente provas teóricas no lugar dos alunos que aceitavam pagar pela fraude.
Os envolvidos agora responderão também a processo administrativo junto ao Detran-SP, cuja decisão pode culminar na cassação do registro de credenciamento dos envolvidos e na cassação das CNHs obtidas ilegalmente pelos beneficiados pelo esquema.
Fonte: Detran-SP