O escultor Álvaro Bahamondes, de 49 anos, morador de Ilhabela, teve uma de suas obras furtadas no último dia 29 de julho. Essa já é a quarta escultura levada sem autorização ao longo de sua trajetória artística. O artista, conhecido por criar esculturas de animais marinhos ameaçados de extinção, mantém suas obras expostas em frente à própria casa, no Bairro Piúva, onde o local acabou se tornando um ponto turístico da cidade.
Natural do Uruguai, Álvaro veio para o Brasil com apenas dois anos de idade. Ele conta que iniciou seu trabalho artístico em 1º de fevereiro de 2008, após ter um sonho marcante. A partir daí, passou seis meses produzindo esculturas com materiais reaproveitados. A primeira grande oportunidade surgiu em julho do mesmo ano, exatamente no dia do seu aniversário, durante a tradicional Semana Internacional de Vela de Ilhabela.
Desde então, o artista já participou de mais de 30 exposições em diversas cidades do país, como Santos, Bertioga, Indaiatuba, Goiânia e até mesmo no Mato Grosso. Além disso, já teve obras enviadas para o exterior, com esculturas presentes na Alemanha, Portugal e nos Estados Unidos. Álvaro também já foi convidado pelo Centro de Pesquisa Marinha da USP para expor suas criações.
As esculturas, feitas com sucata, retratam espécies como a baleia-jubarte, tartarugas, golfinhos, cavalos-marinhos e até o mero-gigante, todas ameaçadas de extinção. Segundo Álvaro, cada peça carrega uma lágrima esculpida no rosto, um detalhe que simboliza tanto a tristeza quanto a esperança das espécies retratadas. Essa lágrima se tornou sua marca registrada.
No entanto, o sucesso das obras também trouxe desafios. A escultura levada recentemente já havia sido alvo de uma tentativa de furto três semanas antes. Na ocasião, ela foi localizada escondida nas proximidades e recuperada com a ajuda de amigos. Porém, desta vez, um morador de São Sebastião viu a peça sendo transportada por uma pessoa na balsa que liga as duas cidades. Ele tentou seguir o suspeito de moto, mas, ao retornar, não conseguiu mais encontrá-lo.
O escultor contou que estava viajando no momento em que recebeu o alerta, mas assim que retornou iniciou os esforços para tentar recuperar a obra. Apesar dos transtornos, Álvaro segue recebendo visitantes e encomendas em sua casa, onde continua promovendo a conscientização ambiental por meio da arte.
Ele reforça que o objetivo de seu trabalho sempre foi provocar reflexão sobre os impactos da ação humana nos oceanos e lembrar da importância de proteger a vida marinha. Mesmo com os episódios de furto, o artista afirma que pretende continuar com as exposições abertas ao público, apostando na arte como forma de educação e transformação.
Com CBN/Vale