Apesar da manhã chuvosa, parte da comunidade surda de Caraguatatuba e de São Sebastião participou da comemoração do Dia Nacional dos Surdos organizado pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso (Sepedi), na base do programa Praia Acessível, no Centro na última sexta-feira (26).
O encontro fechou a programação do “Setembro Verde”, realizada pela secretaria e teve como objetivo promover a cultura surda e inclusiva, a integração e confraternização entre a comunidade surda, amigos, familiares, alunos do curso de LIBRAS e profissionais da pasta.
Na oportunidade houve lanche, prática de slackline (esporte de equilíbrio que utiliza uma fita de nylon esticada entre dois pontos fixos, que permite ao praticante andar e fazer manobras), jogos de tabuleiro, passeio de handbike, bicicleta dupla e palestra com Gigliarde Ferreira do projeto “Guardiões da Costeira”, que explicou ao público, com auxílio de um instrutor de Libras (Língua Brasileira de Sinais), Alan Miranda, sobre o trabalho de limpeza nas praias e rios da cidade, sobre a planta Caraguatá que deu origem ao nome do município e curiosidade do Meio Ambiente da região.
Daniele Faria de Oliveira, 38 anos, veio de São Sebastião para prestigiar o evento e explicou por LIBRAS que os surdos devem participar cada vez mais de encontros entre eles, com ouvintes e com outros PcDs (pessoas com deficiência). “Encontros inclusivos são muito bem-vindos. Gosto muito de estar presente”, afirmou.
O casal de surdos Silvio Paulino, 45 anos, e Luciene de Souza, 48, também esteve presente. “Quanto mais pudermos estar todos juntos e misturados, sem preconceito, e com inclusão é muito melhor para todos”, expressou Paulino. A companheira disse que no Rio de Janeiro onde morava, sempre participava de reuniões entre surdos e ouvintes. “Gostaria que mais ouvintes aprendessem LIBRAS e participassem das nossas festas”, sugeriu.
O estudante de Gastronomia, Cauã Pereira, 16 anos, sonha em poder viajar, conhecer outras culturas, trabalhar e que a surdez não seja um empecilho. “É muito bom quando nos sentimos incluídos na sociedade e que as pessoas reconheçam nossas potencialidades”, garantiu.
O evento “LIBRAS na Praia Acessível: Uma manhã de lazer e comemoração no Dia Nacional dos Surdos” contou a presença da secretária da Sepedi, Ivy Malerba e equipe de profissionais do programa Praia Acessível.
“Por causa do tempo mais frio e com a chuva não pudemos ter as práticas na prancha de stand up paddle, canoa havaiana, caiaque e banho de mar como estava previsto. Vamos marcar outro dia para aproveitarmos estas atividades na beira da praia. Mas o encontro foi ótimo com outra programação”, disse Malerba.
Setembro Azul
O mês de setembro é conhecido como “Setembro Azul”, em homenagem à luta da comunidade surda.
A Campanha tem como objetivos Informar a sociedade sobre as diferenças linguísticas, identitárias e culturais da comunidade surda; defender os direitos dos surdos e promover a acessibilidade em todos os espaços; enfatizar a importância da Língua Brasileira de Sinais como a língua materna da comunidade surda.
A cor azul é simbólica, porque os nazistas identificavam os surdos com uma faixa azul, durante a 2ª Guerra Mundial, quando muitos foram mortos e para lembrar a proibição das línguas de sinais no Congresso de Milão de 1880.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 1,5 bilhão de pessoas têm algum grau de perda auditiva (surdez) hoje no mundo.
No Brasil, de acordo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as pessoas com surdez leve, moderada, severa ou profunda são, aproximadamente, 11 milhões, e, destas cerca de 300 mil afirmam usar a LIBRAS.
O dia 16 de setembro foi escolhido como Dia Nacional dos Surdos porque essa foi a data de fundação do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) em 1857, um marco na educação e inclusão de surdos no Brasil.
E no dia 23 de setembro é comemorado o Dia Internacional das Línguas de Sinais, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para celebrar a Federação Mundial dos Surdos.
Setembro Verde
O Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência, número que corresponde a 7,3% da população, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O “Setembro Verde” foi instituído pela Lei nº 11.133/2005, sendo a cor verde escolhida por ser associada à ideia de renascimento e o florescimento, e representar desta forma o desejo por uma sociedade mais inclusiva, onde pessoas com deficiência possam viver com dignidade e igualdade.
Este mês tem o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a importância de garantir direitos, fortalecer políticas públicas e promover a dignidade humana e combate a atitudes discriminatórias.
O Setembro Verde reforça a luta pela plena participação das pessoas com deficiência na vida social, econômica, política e cultural do país.
Fotos: Dony Machado/PMC