Desde o início da primavera, no dia 22 de setembro, muitas árvores já começaram a florescer e a mostrar toda a sua exuberância, como os ipês-brancos, rosas e amarelos, além da grumixama e da aroeira. O que muitas pessoas não sabem é que várias árvores nativas da Mata Atlântica em Ilhabela também possuem propriedades medicinais que podem auxiliar no tratamento de diversas enfermidades.
Algumas dessas árvores podem ser encontradas no Viveiro Municipal Aroeira, vinculado à Secretaria de Meio Ambiente de Ilhabela, para o plantio em áreas degradadas e para recuperação ambiental. Além de árvores de floração intensas, como os ipês, o espaço também produz mudas de árvores nativas frutíferas que contribuem para a alimentação da rica fauna de Ilhabela, como os pássaros e esquilos.
Uma parte das mudas também é distribuída gratuitamente em eventos educativos e naqueles apoiados pela Prefeitura de Ilhabela. O Viveiro Municipal tem como prioridade a recomposição florestal da Mata Atlântica e, por isso, a doação de mudas diretamente no local não é mais permitida. A medida visa aumentar os estoques vegetais para as ações de replantio.
A produção do Viveiro Municipal Aroeira contempla ainda quatro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODSs) da ONU. São eles: saúde e bem-estar (ODS 3); cidades sustentáveis (ODS 11); ação contra a mudança climática (ODS 13); e vida terrestre (ODS 15).
Quais árvores são medicinais?
As árvores medicinais são aquelas cujas partes (como cascas, folhas, raízes ou frutos) contêm substâncias com propriedades terapêuticas.
Essas espécies são utilizadas para tratar ou aliviar enfermidades e sintomas, incorporadas em medicamentos e usadas de forma tradicional para promover a saúde. O conhecimento sobre o uso dessas plantas é transmitido popularmente e serve como base para o desenvolvimento da fitoterapia e da medicina popular.
É importante lembrar que nenhuma planta ou fitoterápico substitui o tratamento médico convencional. Em caso de dor ou outros sintomas, deve-se procurar o hospital ou Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima.
Saiba quais árvores medicinais e frutíferas nativas da Mata Atlântica estão presentes no Viveiro Municipal Aroeira:
Ipê-roxo
Árvore que pode alcançar 20 metros de altura. O tronco pode chegar a 1,50 metro de diâmetro e é geralmente cilíndrico e reto. A espécie tem propriedades medicinais anti-inflamatórias, antifúngicas, cicatrizantes, antioxidantes e antibacterianas. Além disso, o chá dessa planta é produzido a partir da casca.
No Brasil, essa espécie de ipê pode ser encontrada nos estados da Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O ipê-roxo pertence ao Cerrado e à Mata Atlântica e é uma árvore nativa, mas não endêmica do nosso país.
Ipê-amarelo
O ipê-amarelo é uma árvore de porte grande, capaz de atingir de 15 a 30 metros de altura quando adulta. Sua copa é ampla e arredondada, o que proporciona uma sombra generosa.
A característica mais marcante do ipê é sua abundante floração. No período da primavera, a árvore se enche de flores amarelas vibrantes. Ela é utilizada como anti-inflamatório e no combate à candidíase.
Ipê-verde
Árvore de médio porte, com 6 a 18 metros de altura, em geral com tronco tortuoso e casca grossa, características comuns nas árvores do Cerrado. As flores são verdes, difíceis de se distinguir entre as folhas.
A casca, folhas e ramos jovens dessa espécie são utilizadas no preparo de chás e remédios para diversas enfermidades, como sífilis, úlceras e infecções urinárias.
Ipê-rosa
A espécie tem propriedades medicinais anti-inflamatórias, antifúngicas, cicatrizantes, antioxidantes e antibacterianas. O chá de ipê-rosa é produzido a partir da casca.
No Brasil, esse ipê pode ser encontrado nos estados da Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O ipê-rosa pertence ao Cerrado e à Mata Atlântica e é uma árvore nativa, mas não endêmica do nosso país.
Quaresmeira
Nativa da Mata Atlântica, a quaresmeira é conhecida por suas flores roxas e vibrantes. É uma árvore de pequeno a médio porte que atinge até 12 metros de altura, com copa arredondada e folhas verde-escuras.
Essa espécie é bastante utilizada na arborização urbana devido à sua beleza e resistência. Na medicina tradicional, as folhas e flores são usadas no preparo de chás com propriedades purgativas, reguladoras do fluxo menstrual, antirreumáticas e antissifilíticas. Estudos também sugerem potenciais propriedades anti-inflamatórias, anestésicas e cicatrizantes da quaresmeira.
Aroeira
A aroeira é uma árvore nativa do Brasil, conhecida por sua madeira resistente e casca com propriedades medicinais. Ela pode atingir de 5 a 20 metros de altura, com tronco reto ou ligeiramente tortuoso.
A aroeira-vermelha é conhecida por seu fruto, a pimenta-rosa, que é usada na culinária. A aroeira-preta também é utilizada para fins medicinais.
Jerivá
O jerivá é uma palmeira nativa do Brasil, caracterizada por seu tronco elegante e alongado, folhas longas e pendentes, e frutos comestíveis que atraem a fauna local.
É uma árvore de médio porte, que pode atingir de 8 a 20 metros de altura, com um tronco de até 60 centímetros de diâmetro. A casca e o suco do seu fruto têm propriedades vermífugas. A amêndoa, rica em proteína e cálcio, é um excelente alimento para pessoas em recuperação.
Espécies frutíferas
Veja também algumas espécies de árvores frutíferas com propriedades medicinais:
Acerola
É uma fruta tropical nativa das Américas e muito popular no Brasil. A espécie é considerada de pequeno porte e conhecida por seus frutos ricos em vitamina C, além das propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que auxiliam no bom funcionamento do sistema imunológico.
Pitanga
A pitanga é um fruto nativo do Brasil, conhecido por sua cor vibrante, sabor agridoce e aroma característico. A árvore, chamada de pitangueira, pode atingir até 10 metros de altura e possui folhas ovais e brilhantes, com flores brancas e aromáticas. Seu fruto é rico em vitaminas (A, B e C), minerais (cálcio, fósforo, ferro e potássio), fibras e compostos fenólicos com ação antioxidante.
Bacupari
O bacupari é uma planta nativa do Brasil encontrada principalmente na Amazônia e no Cerrado. É conhecido, por suas características, como árvore de porte médio a grande, já que pode atingir até 18 metros de altura.
O bacupari possui folhas simples, opostas, coriáceas e flores pequenas, brancas e unissexuadas ou hermafroditas. Seus frutos são drupas amarelas ou alaranjadas, oblongas e lisas, com polpa branca, mucilaginosa e sabor doce-acidulado. Eles possuem propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e diuréticas. Além disso, podem auxiliar na saúde intestinal, proteger o coração, ajudar no controle do peso e fortalecer o sistema imunológico.
Gabiroba
A gabiroba é uma árvore nativa do Brasil, comum no Cerrado e na Mata Atlântica. Ela se destaca por seus frutos amarelos, saborosos e com polpa suculenta, que são utilizados na culinária em diversas formas, como sucos, doces e licores.
Além de possuir propriedades medicinais, essa espécie e é rica em nutrientes como vitaminas do complexo B, vitamina C, niacina, sais minerais e proteínas. A gabiroba pode atingir de 5 a 10 metros de altura.
Cambucá
O cambucá é uma fruta nativa da Mata Atlântica brasileira, conhecida por seu sabor agridoce e aroma adocicado.
Já a árvore, de porte médio, apresenta crescimento lento e pode alcançar de 5 a 12 metros de altura. Com tronco curto e copa densa, seus frutos são bagas arredondadas e achatadas, com casca lisa e coloração amarelo-alaranjada quando maduros.
A polpa do cambucá é suculenta e amarela, com um sabor que lembra manga e maracujá. Ela é utilizada tanto in natura quanto em preparações como sucos, geleias e doces.
Grumixama
A grumixama, também conhecida como grumixaba ou grumixameira, é uma árvore nativa da Mata Atlântica brasileira, com frutos saborosos e ricos em nutrientes. A espécie pode atingir de 6 a 20 metros de altura.
Seus frutos, com sabor semelhante ao da jabuticaba e pitanga, são ricos em vitamina C, complexo B, niacina e flavonoides. Além do consumo in natura, a grumixama pode ser utilizada para fazer sucos, doces e licores. A árvore também possui propriedades medicinais, como ação antioxidante, adstringente e diurética.
Araçá-amarelo
O araçá-amarelo é uma espécie nativa da Mata Atlântica, de médio porte, que pode atingir de 2 a 6 metros de altura.
Essa árvore é conhecida por seus frutos amarelos, saborosos e ricos em nutrientes. Entre suas características estão as folhas coriáceas, flores brancas e frutos pequenos, globosos e de casca lisa.
Além de ser apreciado pelo sabor, o araçá-amarelo possui propriedades medicinais e é utilizado na culinária e na recomposição de áreas degradadas.