A Promotoria de Justiça do IV Tribunal do Júri da Capital denunciou, nesta quarta-feira (8/1), dois policiais militares que mataram um estudante de medicina no bairro da Vila Mariana. Na hipótese de a denúncia ser aceita pelo Judiciário nos termos apresentados pelos promotores Estefano Kummer, Antonio Folgado e Enzo Boncompagni, os acusados responderão por homicídio qualificado pelo motivo torpe e pela impossibilidade de defesa da vítima.
O documento indica que, enquanto um dos policiais causou a morte do jovem ao atirar contra ele, o outro prestou auxílio moral e material para o crime.
Na madrugada do dia 20 de novembro, os denunciados patrulhavam as ruas da região quando passaram pelo rapaz e pararam num cruzamento. Nesse momento, a vítima aproximou-se e desferiu um tapa no retrovisor da viatura, sem o danificar. Um dos PMs, em seguida, saiu do automóvel e iniciou uma perseguição ao universitário, que entrou no hotel onde estava hospedado. Ainda no saguão, um dos acusados conseguiu abordar a vítima, tentando segurá-la pelos braços. Nesse momento, o outro policial também se aproximou do rapaz, que ficou encurralado. Ainda conforme a denúncia, a vítima tentou se defender de um chute segurando a perna de um dos PMs. Quando o policial caiu, o outro atirou contra o estudante, atingindo-o no abdômen.
“É certo que os policiais agiram impelidos por motivo torpe, em retaliação ao tapa desferido pela vítima no retrovisor da viatura, empregando força letal contra pessoa que estava nitidamente alterada e desarmada, com evidente abuso de autoridade e inobservância dos procedimentos operacionais padrão. Além disso, o homicídio foi cometido com emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, haja vista que os policiais estavam armados, em superioridade numérica e realizaram a abordagem de forma violenta, iniciando o confronto corporal com o suspeito”, diz a denúncia.