Em meio a dor da tragédia, voluntários demonstram solidariedade e empatia em São Sebastião

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Marcello Veríssimo

A união de diversos corações em prol de um bem maior. Essa talvez seja a melhor tradução para o que se vê na prática acontecendo em São Sebastião desde o último dia 18 de fevereiro, quando a maior chuva da história devastou a costa sul de São Sebastião e mobilizou o país em uma campanha de doações para as vítimas que sobreviveram à tragédia na cidade.

Por todas as regiões, centenas de voluntários se uniram para doar produtos de higiene, alimentação, limpeza, vestuário, entre outros itens, mas também seu trabalho, esforço e seu tempo, o bem mais valioso de cada um de nós para quem mais precisa. São diferentes pontos de arrecadação espalhados pelos bairros que recebem os donativos desde a segunda-feira após a tempestade.

Na região central do município, os pontos de referência foram a Câmara Municipal, a quadra da Vila Amélia e o salão paroquial da Igreja Matriz, que está repleto de doações, que, aos poucos, depois de serem organizadas são enviadas aos desabrigados e desalojados, que são 1.172 e 1.090, respectivamente.

A reportagem do JDL visitou o salão paroquial nesta quarta-feira (1) e viu de perto o empenho e a mobilização dos voluntários. “Na terça-feira, dia 21 de fevereiro, nós começamos a receber as doações aqui [no salão paroquial] foi tudo sendo construído conforme as necessidades, os voluntários foram chegando e fomos conseguindo organizar”, disse o padre Alessandro Coelho, pároco da Igreja Matriz do município.

Nesta quarta-feira (1), a campanha de doações completou 11 dias e recebeu apoio de um contingente infindável de voluntários, não só de paroquianos da igreja católica, mas também de igrejas evangélicas e todos que quiseram ajudar neste momento difícil. “Todas as pessoas que quiseram colaborar estão aqui ajudando. Temos um grupo da Ilhabela que está fazendo o almoço, todo mundo se mobilizou”.

Para se ter uma ideia, são aproximadamente 100 marmitas por dia, que são divididas entre os voluntários do salão paroquial e da quadra da Vila Amélia. Antes das refeições, os voluntários rezam o Pai Nosso e realizam um momento de fé com o pároco Alessandro Coelho.

O padre Alessandro disse que as doações chegam também de todas as cidades. “Começamos a receber doações de roupas e agora também alimentos. Os postos estão ficando cheios. Graças a Deus recebemos muitas doações e agora estamos focando naquilo que as pessoas estão precisando mais diretamente como produtos de limpeza, higiene, o leite especial. Estamos organizando para as famílias terem acesso. São várias frentes, de várias atividades”.

Desde o dia da tragédia, São Sebastião recebeu aproximadamente 500 toneladas de doações. “Estamos à disposição, ainda não temos previsão até quando estaremos trabalhando, pois as chuvas também não pararam. O desafio agora é organizar as famílias, estamos tentando fazer a nossa parte”, disse o padre Alessandro.

Dor e Solidariedade – As tragédias e a dor ascendem aquilo que verdadeiramente nós precisamos ser, não só nas tragédias assim como em nosso dia a dia. O padre Alessandro explica que enquanto esse sentimento de dor estiver mobilizando a humanidade ainda nos permite acreditar que o ser humano pode colaborar em várias ações. “O desafio é não só mobilizar quando acontece, mas ainda bem que as pessoas se mobilizam e ajudam mesmo que seja em um momento limite como esse. Talvez a gente possa começar a se assustar quando mesmo diante de uma tragédia as pessoas não se mobilizarem”. “A gente não pode correr o risco de se anestesiar diante do sofrimento do outro. Depois do que São Sebastião viveu, a solidariedade que as pessoas têm demonstrado é um sinal que o ser humano ainda não está indiferente diante do sofrimento do outro”, disse o padre.

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