Marcello Veríssimo
Um esquema digno de monopólio mercantil. Passageiros do aplicativo de viagens Uber no Litoral Norte têm convivido com o receio e a incerteza quando precisam fazer viagens com trajetos mais longos, como entre São Sebastião e Caraguatatuba, por exemplo, ou entre a região central de Caraguá até bairros da zona norte do município, entre eles Massaguaçú.
O mesmo acontece entre o centro de São Sebastião e a costa sul da cidade. Ao chamar as corridas pelo aplicativo o motorista pergunta o valor e caso considere “um valor que não compensa” pergunta ao passageiro se é possível “renegociar” o valor da viagem, muitas vezes, chegando até a pedir o custo da gasolina.
Se o aplicativo da Uber fornece o preço de R$ 20, por exemplo, existem motoristas que chegam até pedir R$ 25 a mais conforme a distância, pois por menos não seria possível fazer a viagem.
Foi o que aconteceu por mais de uma vez com T.B.O, que com medo de aparecer pediu para não ser identificada. Ela conta que, sem pudor nenhum, o motorista do app pediu para ela pagar a corrida de volta para levá-la do supermercado Spani, na região central de Caraguatatuba, até a Caixa Federal no centro de São Sebastião. “O motorista ainda falou se tinha jeito de pagar a gasolina, pois por menos ele e ninguém faria a viagem. Se for pra ser desse jeito pra que trabalhar de Uber então. Eu não posso deixar de trabalhar, de cumprir minhas tarefas, por conta do valor”, disse ela.
A reportagem do JDL conversou com motoristas que prestam serviço ao aplicativo que disseram que a plataforma cobra de 1% a 40% do valor da viagem e o restante fica com os motoristas parceiros. De acordo com eles, a taxa aplicada depende de alguns fatores como distância e tempo da viagem atual. “Os ganhos são imprevisíveis, mas tudo também depende da conduta do motorista. Eu não posso obrigar o passageiro a cobrir os custos do meu dia, posso fazer mais corridas”, admite o motorista Felipe Lins.
Para Bruno Dias, que mora em Caraguatatuba, a Uber deveria ser mais justa com os motoristas, pois é a conta que não fecha. Ele lembra que, no início do aplicativo, era mais barato andar de Uber do que com os táxis convencionais. “Como sempre quem paga a conta é o consumidor”.
A Uber é uma das principais plataformas de transporte do planeta. Está presente em Caraguatatuba, São Sebastião e Ubatuba. Em Ilhabela, segundo a reportagem apurou, os motoristas não atuam de forma direta.