Por unanimidade, Câmara afasta Nabuco e cria CEI para investigar “gabinete motel” em São Sebastião

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Marcello Veríssimo

A Câmara de São Sebastião voltou a pegar fogo na sessão da noite desta terça-feira (16). Entre os primeiros atos da Mesa Diretora, a denúncia de assédio sexual da ex-assessora parlamentar Tereza Feitosa, que também é advogada, contra o vereador Diego Nabuco (PSDB) foi lida pelo secretário André Pierobom (MDB).

O plenário Zino Militão dos Santos ficou lotado, assim como o pátio da Câmara. De acordo com a denúncia, como já foi amplamente divulgado, o vereador Diego Nabuco foi flagrado pela ex-assessora “meio vestido”, com as calças arriadas, acompanhado de uma mulher que seria funcionária da Milclean, responsável pela limpeza da Prefeitura de São Sebastião e que estava nua.

O vereador Nabuco não compareceu à sessão. A denúncia foi protocolada na última sexta-feira (12) e após a leitura,  foi bastante aplaudida pelo público sob os gritos de “Justiça” e de “Mulheres unidas jamais serão vencidas”.

De acordo com a denúncia, que fornece detalhes da perversão do vereador Nabuco, os atos libidinosos teriam acontecido no prédio dos gabinetes dos vereadores, que ficam à rua Domingos Tavolaro, na região central do município, por volta das 15h.

A denúncia que resultou no escândalo não é a primeira envolvendo o vereador, que usaria o gabinete como motel oferecendo emprego e outros favores em troca de sexo.

O caso de assédio está sob investigação da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) com a delegada Patrícia Casanova Crivochein.

A ex-assessora Tereza Feitosa estava cedida da Prefeitura à Câmara desde janeiro de 2021, sem prejuízos em seus vencimentos.

Passo a passo

No dia do assédio, Feitosa estava no banco quando começou a receber mensagens do vereador pedindo para que voltasse ao gabinete.

Para não denunciar o caso, a ex-assessora disse à polícia que passou a receber assédio moral do chefe de gabinete, além do próprio Nabuco.

A denúncia cita oferta de cargo na prefeitura na tentativa de negociar o silêncio da ex-assessora, após o ocorrido no gabinete, inclusive cita também outras atitudes do vereador envolvendo assessores em depósitos em dinheiro em suas contas para pagamento de compromissos pessoais do mesmo como prestação de carros, impostos e até prestação de um suposto sítio adquirido pelo parlamentar.

CEI

A Câmara vai instalar uma Comissão Especial Parlamentar de Inquérito para investigar o caso, que entre outros crimes, inclui a Quebra de Decoro Parlamentar.

Para o vereador Wagner Teixeira (União Brasil), presidente da Comissão de Ética da Câmara, Nabuco, que era integrante da comissão, deve ser afastado enquanto durarem as investigações, entre outras penalidades.

“Se tivermos oito votos o vereador já não pode mais frequentar a Câmara e outros prédios públicos”, disse Teixeira, antes da votação que terminou com o afastamento do vereador Nabuco por unanimidade.

Os trabalhos de investigação devem ser iniciados nos próximos cinco dias. O vereador Nabuco tem prazo de 10 dias para apresentar uma defesa.

O relatório final, que pode resultar na cassação do mandato do vereador Nabuco, sai em até 90 dias. Durante o período de apuração dos fatos pela CEI o vereador ficará afastado, a princípio pelo prazo máximo dos trabalhos da comissão que é de 90 dias de forma remunerada. O suplente de Nabuco não deve assumir o mandato nesse período, segundo apurou a reportagem do JDL na sessão desta terça-feira.

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